O cientista político André Singer, porta-voz do ex-presidente Lula em seu primeiro mandato (2003-7), lançou ontem à noite em Fortaleza o livro em que analisa o sucesso eleitoral do petista na camada mais pobre da população: Os sentidos do Lulismo – Reforma gradual e pacto conservador. O subtítulo resume a fórmula tal como Singer a vê: melhorar a vida dos mais pobres sem fazer a revolução socialista que o PT propunha.
“O Lulismo é uma combinação inesperada de elementos de esquerda e de direita, na medida em que ele foi capaz de produzir uma redução importante da pobreza, que é a parte do programa de esquerda, mas sem nenhum tipo de ruptura com a ordem estabelecida, o que não fazia parte do programa original do PT”, disse Singer ao O POVO antes de apresentar seu livro no auditório do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc), no Benfica.
Lula e os mais pobres
Ao combinar as duas coisas, conforme Singer, o petismo, que antes tinha na classe média o seu eleitorado mais forte, foi ganhando votos entre os mais pobres, obtendo o apoio maciço destes à reeleição de Lula, quando o escândalo do mensalão já havia feito parte da classe média abandonar o barco. “É algo que eu creio estar muito presente no desejo do subproletariado: que haja mudança, mas sem uma radicalização política que fazia parte do programa inicial do PT”.
O resultado disso é um “reformismo fraco”, na visão de Singer, segundo quem o Lulismo independe da presença de Lula na Presidência da República. “Porque ele não é um fenômeno apenas de liderança carismática, ele é um fenômeno misto. Tem um aspecto de liderança carismática sobretudo no Nordeste e no Norte, mas no Sudeste e Sul não há uma ligação tão forte com a figura do Lula; eu diria que é uma ligação mais forte com o projeto político que ele representa”.
SERVIÇO
Os sentidos do Lulismo – Reforma gradual e pacto conservador
Companhia das Letras, 280 páginas. À venda nas livrarias Cultura e Saraiva. Preço: R$ 29,50
Autor: André Singer
Lamento muito que Lula tenha frustrado os sonhos de 52 milhões de eleitores em 2002, que queriam a radical eliminação do nefasto modelo neoliberal do PSDB, e não a sua continuidade. Quem votou em 2002 no Lula queria aquele Lula de 89, mas infelizmente ganhou essa versão bizarra conciliadora com o que há e mais retrógrado na nossa política.
ResponderExcluirGrande abraço,
Almir Ferreira
Panorâmica Social