Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) buscaram uns aos outros nas perguntas e também foram os principais alvos dos questionamentos dos demais rivais durante o quarto debate entre candidatos a presidente da campanha eleitoral deste ano, organizado na noite deste domingo (28) pela TV Record.
O debate durou cerca de duas horas e reuniu sete presidenciáveis: Dilma Rousseff (PT),Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro(PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB). Foi dividido em quatro blocos, dois dos quais com perguntas entre os próprios candidatos, um com perguntas de jornalistas e outro destinado às considerações.
Pelo sorteio da ordem das questões, Dilma teve a oportunidade de perguntar duas vezes diretamente para Marina, que perguntou à petista uma vez. Numa das indagações formuladas por jornalistas, o questionamento foi dirigido à presidente, com comentário da candidata do PSB.
Dilma x Marina
O primeiro embate entre Dilma e Marina se deu logo na segunda pergunta do debate, quando a presidente questionou a adversária sobre as mudanças de partido – ela saiu do PT para o PV, sigla que deixou para tentar criar a Rede, e por fim ingresou no PSB – e sobre a posição em relação à votação no Congresso da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
Marina afirmou que votou a favor da criação da CPMF e disse ter coerência nas posições que defende. 'Mudei de partido para não mudar de ideais e de princípios', declarou. 'Não faço oposição por oposição. Sei o que é melhor para o Brasil'. Na réplica, Dilma se disse 'estarrecida' pelo fato de, segundo ela, Marina ter se 'esquecido' de que votou contra a CPMF.
Noutro embate, Marina chamou de 'fracasso' a política do governo para o etanol. Disse que, durante o governo da petista, 70 usinas foram fechadas e 40 estão em recuperação judicial. 'A política de etanol do meu governo é baseada naquilo que você é contra: o subsídio', afirmou, dirigindo-se a Marina. 'Temos um conjunto de medidas para reforçar o setor de etanol', respondeu Dilma.
A presidente quis saber ainda a opinião de Marina sobre o crédito concedido por bancos públicos e disse que a adversária não sabe qual é o montante de crédito concedido. Marina afirmou que é um 'boato' a versão de que pretende 'enfraquecer' os bancos públicos. 'Não só vou manter o crédito dos bancos públicos, como vou fortalecer os bancos públicos. Isso é só mais um boato em relação à nossa aliança', declarou. ''O seu programa de governo diz que a sra. vai reduzir o crédito para os bancos públicos', retrucou Dilma. Marina reagiu reafiirmando que essa versão é um 'boato'. 'O que vamos evitar é subsídio para empresários falidos, aqueles que são os ungidos [...] Não vamos é permitir que o recurso do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] seja usado para meia dúzia', declarou.
Aécio x Dilma
Aécio Neves foi alvo de perguntas de Dilma e Marina e conseguiu perguntar uma vez a Dilma. Também ouviu comentário de Dilma para uma pergunta feita a ele por um dos jornalistas.
O tucano aproveitou para criticar o governo ao ser questionado por Marina sobre a questão da energia. Ela quis saber o que Aécio pretende fazer, se eleito, para evitar um 'apagão' energético. Ele afirmou que não houve planejamento do governo nem investimento em linhas de transmissão. Marina disse que é preciso acabar com o 'improviso' e que o governo 'não fez o dever de casa' no setor de energia.
Dilma questionou Aécio sobre quais privatizações ele pretende fazer se for eleito e disse que o governo do PSDB tentou mudar o nome da Petrobras. Na resposta, Aécio disse que pretende 'reestatizar' a Petrobras e afirmou que as denúncias em relação à estatal 'não cessam'.
'É eleitoreiro falar que o sr. vai reestatizar. Vocês tentaram vender as ações a preço de banana', afirmou Dilma. Noutro momento, a presidente disse que o PSDB 'quebrou o Brasil três vezes' e 'desempregou'.
Corrupção
'Vou poupá-la do tema corrupção. Vamos falar sobre segurança pública', propôs Aécio ao perguntar para Dilma. Ela respondeu dizendo pretender ampliar as ações do governo federal nessa área, que é prerrogativa dos estados. Mas na réplica retomou o tema corrupção: 'Quero voltar ao tema corrupção. Na minha vida, tive tolerância zero com corrupção. Dei autonomia para a Polícia Federal prender Paulo Roberto e os doleiros todos', declarou.
Ao responder a uma pergunta de Pastor Everaldo, Aécio também criticou o pronunciamento de Dilma na abertura da Assembleia das Nações Unidas, na semana passada, em Nova York. Segundo ele, a presidente foi à ONU para fazer um 'autoelogio' do seu governo e propor diálogo com terroristas do grupo Estado islâmico, 'uma mancha na política externa brasileira'.
Alvos dos outros
Marina e Dilma também foram objeto de comentários em perguntas e respostas de outros candidatos. Levy Fidelix, por mais de uma vez, disse que Marina tem a companhia de 'sonegadores e banqueiros'. Dilma chegou a obter direito de resposta depois que Levy Fidelix e Pastor Everaldo debateram entre si o tema corrupção na Petrobras. 'Uma coisa tem de ficar clara: quem demitiu o [ex-diretor preso da Petrobras] Paulo Roberto [Costa] fui eu. Eu fui a única candidata que apresentou propostas concretas de combate à corrupção', disse Dilma no tempo do direito de resposta.
Considerações finais
No último bloco, o das considerações finais, Dilma perguntou ao eleitor quem tem mais experiência e apoio político, quem enfrentou uma crise internacional e tem 'firmeza' para projetar o Brasil no cenário mundial. 'Peço que você reflita sobre todas essas questões. Tenho certeza que você vai fazer a melhor escolha', pediu.
Marina Silva afirmou que criará escolas em tempo integral e se comprometeu com o fim da reeleição. Reiterou que quer 'manter as conquistas e corrigir os erros'. A candidata disse que quer acabar com a polarização entre PT e PSDB, que, segundo ela, não têm mais condições de 'ouvir o Brasil'.
Aécio Neves disse ter se preparado para apresentar uma proposta de inflação controlada e retomada do crescimento. Segundo ele, o atual governo perdeu as condições de governar e Marina Silva ainda não reúne essas condições.
Pastor Everaldo se disse a favor da meritocracia, da liberdade da imprensa 'sem marco regulatório' e criticou o 'mar de corrupção'. 'Vote a favor da família', concluiu.
Eduardo Jorge afirmou que é o 'candidato do coração' das pessoas. 'Você tem que votar no que acha melhor, no que mais se identifica com vocês', afirmou.
Luciana Genro disse que é a 'única candidatura de esquerda coerente'. 'Para que as bandeiras sejam vitoriosas, precisamos do seu voto', pediu a candidata.
Levy Fidélix declarou que não é 'utópico' e que não vencerá as eleições. Criticou o pagamento de juros bancários e pediu 'consciência' a Dilma, Marina e Aécio. 'Apenas me coloco para 2018 como investimento, tá?', afirmou. G1