sexta-feira, 19 de julho de 2013

Temer reúne grupo de peemedebistas para discutir relação com Dilma

O vice-presidente Michel Temer tem esticado expediente noite adentro para discutir com a bancada do PMDB na Câmara o alinhamento à presidente Dilma Rousseff . A cúpula do partido chegou à conclusão de é momento de aliviar a pressão sobre a presidente para preservar a articulação PT-PMDB. Temer apoia veladamente parte das iniciativas de reinvindicação de poder parlamentar exigido pela bancada na Câmara, o que inclui movimento contrário à realização do plebiscito da reforma política sugerida por Dilma, mas articula para que os desentendimentos não comprometam sua própria relação com o governo que, afinal, também é composto pelo PMDB.

Foi por conta dessa avaliação que Temer voltou na noite desta quarta-feira à residência oficial do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para se reunir com 15 peemedebistas e debater os rumos da principal legenda da base dilmista.

Foi a segunda ida de Temer à casa de Henrique Alves, somente nesta semana, para apaziguar ânimos de peemedebistas descontentes com Dilma. Na terça-feira, o vice-presidente se encontrou lá com 80 peemedebistas – maioria deputados federais.

Temer, Alves, o líder peemedebista na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e o presidente nacional da legenda, senador Raul Raupp (RO), conversaram separadamente sobre a relação PT-PMDB.

O vice-presidente insiste na manutenção da aliança com Dilma na disputa de 2014. Esse argumento enfrenta muita resistência na bancada do partido na Câmara, onde muitos deputados acusam Temer de estar mais preocupado com a manutenção de seu cargo do que com a situação dos parlamentares – especialmente na ocupação de cargos em ministérios e na liberação de emendas orçamentárias.

Questionário de aliança

Os encontros têm recebido como justificativa oficial o argumento de que Temer está debatendo os rumos do partido, após identificar uma desconexão entre a política realizada pelo PMDB e o pleito das manifestações que tomaram as ruas ao longo do mês de junho.

O pano de fundo das conversas, contudo, tem sido o pedido de Temer para que cada deputado federal peemedebista dê trégua no enfrentamento ao modelo de gestão de Dilma, criticada por não abrir um diálogo direto como fazia o ex-presidente Lula .

Temer está inclusive tomando nota dos pedidos dos deputados para compor um quadro objetivo das demandas peemedebistas. Ele já conversou com 65 dos 80 deputados federais do PMDB e deve concluir a rodada de encontros individuais após o recesso de meio de ano. O objetivo das conversas é estabelecer um pacto por um segundo semestre menos conflituoso entre a bancada na Câmara e o Palácio do Planalto.

O ex-ministro Eliseu Padilha tem recebido os deputados com uma espécie de questionário no qual respondem o que pensam sobre a aliança com o PT, se estão dispostos a disputar reeleição, como estão em aliança estadual e se têm candidato e chapa em seus estados para 2014. Depois de respondido o questionário, os deputados são recebidos por Temer.

O vice-presidente reunirá o material para depois apresentar o balanço peemedebista à Dilma. Por enquanto, ele tem apenas conversado sobre os resultados dos encontros com as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Aloizio Mercadante (Educação), convertido em principal articulador do Planalto com o Congresso.

A articulação de Temer com a base pela trégua à Dilma inclui uma negociação conjunta entre Câmara e Planalto na definição do novo Código da Mineração, conforme Henrique Alves antecipou ao iG .

O novo marco regulatório da mineração no país deverá ser o teste real para a nova postura que os líderes do PMDB planejam, no qual o Planalto se disporia a elaborar projetos incluindo em suas propostas demandas da base.

Toda essa articulação deve se transformar numa vitória da bancada, que cobra do Planalto mais protagonismo na formulação de propostas do governo. Uma vitória que Temer corre para capitanear como parte do seu papel como vice-presidente, enquanto ao Planalto ele se insinuaria como peça importante para um segundo mandato de Dilma. IG

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