Por Fernando Bezerra Coelho
O relatório do deputado Raul Henry (PMDB) sobre a a lei de responsabilidade educacional denuncia que o Brasil vive um apartheid sem muros, que precisa ser urgentemente enfrentado. Trata-se da enorme diferença de rendimento entre os alunos das redes pública e privada. Segundo os dados da ONG Todos pela Educação, os estudantes das escolas particulares têm desempenho favorável acima dos 60% nas provas de português, enquanto os jovens da rede pública não ultrapassam os 40%. Quando a disciplina é matemática, os alunos das escolas particulares têm mais de 50% de aprendizado, enquanto os de escola pública ficam abaixo dos 35%. Os dados dos exames aplicados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) colocam o Brasil na 58ª posição, entre 65 países avaliados. Quando retiramos da amostra as escolas públicas o Brasil sobe para o 42ª lugar.
Estes indicadores revelam que há dois países distintos: o das escolas particulares, onde a educação é mais eficiente, e o da rede pública, com resultados desanimadores. Sem um ensino qualificado, os jovens mais pobres, que utilizam a rede pública, não terão as mesmas oportunidades de crescimento. É uma realidade cruel, porque reduz as possibilidades de futuro para milhares de brasileiros que jamais terão acesso ao conhecimento. É ruim também para a economia nacional, porque os trabalhadores brasileiros têm a produtividade de apenas 20% dos americanos. De acordo com um estudo da consultoria norte-americana Conference Board, ficamos atrás de países como Turquia, Argentina e Chile. A principal razão para isto é a qualificação profissional dos nossos trabalhadores, que ainda é deficiente. A Coréia, que há três décadas faz pesados investimentos na educação e formação de mão de obra, hoje colhe excelentes resultados, ocupando uma posição de protagonismo no mundo, seja do ponto de vista da formação, seja no desempenho do setor produtivo.
O Brasil precisa investir mais na educação, na formação dos jovens. Hoje o país deposita 2.571 dólares por aluno/ano no Ensino Médio. A média dos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 9.014 dólares. Temos que sair desta posição, que é vergonhosa para a sétima economia do mundo. Assumir o compromisso de melhorar a educação é assinar uma agenda com o futuro. Todos nós, gestores públicos, educadores, profissionais liberais, empresários, devemos assumir um pouco desta responsabilidade, para que as próximas gerações possam viver num Brasil com mais oportunidades e justiça social.
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