Em entrevista ao programa "Roda Viva", transmitido nesta segunda-feira (7) pela "TV Cultura", a deputada venezuelana cassada María Corina Machado, uma das líderes da oposição no país, usou uma analogia política bastante conhecida dos brasileiros para explicar o processo governamental na Venezuela: a ditadura militar (1964-85).
María Corina esteve no Brasil na semana passada, a convite do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), em um momento em que o país lembrava a passagem dos 50 anos do regime militar, após ter o mandato cassado pela Assembleia Nacional da Venezuela no último dia 21.
O argumento da Assembleia foi o de que ela participou de uma sessão da OEA (Organização dos Estados Americanos) a convite do Panamá em que denunciou violações de direitos humanos cometidas pelo governo de Nicolás Maduro nos últimos dois meses, quando os protestos nos país se intensificaram.
Desde então, ela tem feito duras críticas públicas ao que chama de 'ditadura' na Venezuela, assim como existiu no Brasil, e a um governo que tem violado, segundo ela sistematicamente, os direitos humanos, e acabou encarnando o rosto mais conhecido da oposição oficial ao governo venezuelano atualmente.
Questionada pelo jornalista Rodrigo Cavalheiro, do jornal "O Estado de S. Paulo", por que, em suas manifestações como opositora tem instigado o Exército venezuelano a se rebelar contra um governo formalmente eleito e levada a refletir se essa medida não se caracterizaria como um golpe de Estado, a deputada afirmou que "na Venezuela já há um golpe de Estado em curso dentro do próprio Estado --e é isso que os governos latinos tem que entender".
Em sua participação no programa, a deputada cassada se esquivou de criticar diretamente o governo brasileiro, como já havia feito em outras ocasiões, inclusive em entrevista ao UOL, mas instigou o Planalto e a diplomacia brasileira a agir contra Nicolás Maduro:
"Maduro cruzou a linha vermelha em tornos de violação dos direitos humanos, e é por isso que a essa altura a 'indiferença é cumplicidade', disse, em tom de crítica, e instigando o Brasil: "Por isso, pedimos ao mundo, solidariedade, desde à OEA até países de grande influência e efeito na região [na América Latina], como o Brasil. Não peço interferência, mas que comecem a chamar as coisas pelo nome e na Venezuela não há democracia", declarou María Corina.
O governo brasileiro tem passado ao largo sobre a tensão social e política que se instaurou na Venezuela há pouco mais de dois meses com protestos que se intensificam e que são marcados por enfrentamentos violentos. Pelo menos 39 pessoas já morreram.

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