sábado, 19 de abril de 2014

Esvaziamento na Assembléia Legislativa do Ceará já reflete clima eleitoral

Embora a média de parlamentares que registram a presença nas sessões da Assembleia Legislativa tenha crescido em abril quando comparado aos meses anteriores deste ano, quem acompanha as sessões de perto percebe que o número de deputados que permanecem no plenário é decrescente. Na quarta-feira, antes do recesso da Semana Santa, havia 19 presenças registradas no painel quando a sessão foi aberta, mas apenas quatro se encontravam no plenário.
Neste mês, até agora, em média 37 parlamentares registraram a presença nas sessões ordinárias. Em março, a média foi de 33 e, em fevereiro, 35. Muitos parlamentares vão ao plenário apenas para registrar seus nomes e logo se retiram. Alguns, como Vanderley Pedrosa (PTB), chegam cedo, reservam um discurso no expediente e o cedem para outros parlamentares, sem participar dos debates. Outros chegam mais tarde, ao final da sessão, e registram a presença.
Outro indício da ausência dos parlamentares foi a demora, na última sessão, para se chegar ao quórum necessário para aprovar as matérias. Embora a votação aconteça às quintas-feiras, devido ao feriado da Semana Santa, a votação foi antecipada para o dia anterior. O deputado Tin Gomes (PHS), que presidia a sessão no momento, por alguns minutos convocou os deputados que estavam ausentes do plenário para que retornassem e registrassem suas presenças.
João Jaime (DEM), que havia pedido ao presidente da sessão para cumprir o regimento e verificar o quórum no intuito de derrubar a votação, foi o último a registrar presença. Ao Diário do Nordeste, o deputado assumiu a tentativa de obstruir a votação para não cortar o debate a respeito da licença de 10 dias do governador Cid Gomes.
Movimentada
O parlamentar discorda, entretanto, que menos deputados estejam acompanhando os debates da Casa. "Acho que nesse ano, depois que a oposição se organizou, a Assembleia está até mais movimentada, tem tido mais presença, os debates estão melhores. E quando tem debate na Assembleia, faz com que as pessoas compareçam, uns para criticar outros para defender o governo", atesta. "Apesar de nós sermos só cinco até agora, o bloquinho tem feito uma oposição bastante significativa e tem movimentado a Casa", completa.
Mauro Filho (Pros) defende que os debates da Casa têm se tornado mais frequentes. "Tem tido quórum todo dia para poder funcionar, as comissões estão trabalhando, os debates no plenário estão bem acirrados, tanto a oposição quanto a situação tem procurado fazer a defesa", diz. "Até as eleições, a Assembleia vai funcionar normalmente, sem prejuízo", garante.
Para Jaime, a ausência de parlamentares na última sessão se deu por conta da proximidade do feriado da Semana Santa. "É um dia especial porque estamos na Semana Santa e muitos deputados já viajaram para o interior para visitar as bases", afirma.
Dedé Teixeira (PT) afirma que a mudança do dia da votação pode ter confundido os colegas. "Quarta-feira não é dia normal de votação. A pauta se antecipou para quarta-feira e os deputados não tiveram dimensão disso, falta de uma assessoria que pudesse orientar", aposta.
Contraste
Questionado sobre o contraste do número de presenças registradas no painel e os parlamentares em plenário, Teixeira afirma ser normal os deputados registrarem as presenças e cuidarem de outros afazeres. "As pessoas chegam aqui, dão as suas presenças e vão para os gabinetes, todo mundo tem sua agenda. Tem audiência, vai numa coisa, vai noutra, isso é normal", argumenta.
Para os parlamentares questionados pelo Diário do Nordeste, o período pré-eleitoral ainda não chegou à Casa, mas reconhecem que o número de deputados presentes no plenário deverá diminuir com a aproximação do pleito. "Os deputados fazem muito mais agenda, estão construindo a sua reeleição, a sua candidatura", afirma Dedé Teixeira.
Segundo João Jaime, os deputados se esforçam em ano eleitoral para não deixar de votar as matérias. "A gente escolhe dois dias na semana para que tenha presença maciça e os outros dias ficam liberados para os deputados. É o que tem sido feito nas eleições", aponta.
Diário do Noredeste

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