sábado, 1 de agosto de 2015

Iguatu recebe calote milionário do governo federal

Prefeito Aderilo Alcântara durante  a entrevista coletiva. Foto: Alex Santana/Iguatu.net
Prefeito Aderilo Alcântara durante a entrevista coletiva. Foto: Alex Santana/Iguatu.net

Mais de 120 municípios cearenses amanheceram com as portas das prefeituras fechadas nesta sexta-feira, 31 de julho. O movimento paredista, organizado pela Associação dos Prefeitos do Ceará - Aprece, e apoiado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), tenta chamar a atenção de deputados, senadores, do governo do estado e federal, para a situação de dificuldades financeiras enfrentadas pelas prefeituras, especialmente nesse momento de grave crise econômica, em razão do ajuste fiscal implantado pela União.
O município de Iguatu aderiu à paralisação. Os constantes atrasos de recursos para as áreas da Assistência Social, Saúde, conclusão de obras, além dos diversos problemas ocasionados pelos quatro anos seguidos de seca, fez com o prefeito Aderilo Alcântara aderisse ao movimento, e convocasse uma entrevista coletiva com vários veículos de comunicação para prestar contas com a sociedade iguatuense. “Num momento tão importante como esse, de reivindicações por melhorias para os municípios cearenses, nós não poderíamos ficar de fora desse movimento encabeçado pela Associação dos Prefeitos do Ceará”, disse Aderilo Alcântara.
A entrevista aconteceu no auditório do SEBRAE, às 10 horas. O prefeito Aderilo Alcântara respondeu perguntas dos repórteres, e fez uma explanação das suas ações de governo e das diversas dificuldades enfrentadas pela sua gestão para manter a máquina pública funcionando, manter em dia a folha de pagamento, em decorrência da grave crise financeira que assola o país, com reflexos nas prefeituras municipais. Confira alguns pontos destacados durante a entrevista.
Despesas com energia e combustível
O prefeito Aderilo Alcântara criticou o tarifaço de eletricidade e combustível promovido pelo governo federal. Ele informou que as despesas da Prefeitura com a conta de energia elétrica subiram mais de 33%, passando de R$ 545 mil no período de janeiro a junho de 2014 para R$ 729 mil no mesmo período de 2015.  Na questão dos combustíveis, a situação também é muito preocupante. Até junho de 2014, o município gastou aproximadamente R$ 570 mil, e nesse mesmo período de 2015, os gastos aumentaram para R$ 923 mil, um aumento de despesa de mais de 60%.
Atrasos na Assistência Social
Outro problema destacado pelo prefeito foi em relação aos atrasos nos recursos do governo federal para manter os programas da Secretaria da Assistência Social do município. “Só na Secretaria da Assistência Social, os atrasos do governo chegam a um montante de mais de R$ 2 milhões. É uma situação muito preocupante”, disse Aderilo Alcântara.
Saúde
Na questão da saúde, o prefeito Aderilo Alcântara fez destaque para os problemas financeiros enfrentados pelo Hospital Regional de Iguatu. Ele informou que os repasses do governo federal para a unidade de saúde se encontram congelados desde o ano de 2005. “Em 2005 o hospital recebia do governo federal cerca de R$ 400 mil, e hoje, apesar do aumento nas demandas, o município continua recebendo o mesmo montante, e a prefeitura, que há 10 anos repassava uma quantia de aproximadamente R$ 200 mil para o hospital, hoje investe três vezes mais”, lamentou.
Ele também destacou a desigualdade na distribuição de recursos pelo governo do estado para custear as despesas do hospital regional. “Enquanto Iguatu investe quase R$ 700 mil para custear o atendimento de pacientes de mais de dez municípios da região, o governo do estado só investe R$ 390 mil. “É uma situação injusta, porque nos hospitais da região Norte e Cariri, quem banca o custeio é o Estado, e nessas regiões, as prefeituras não entram com nenhum centavo”, observou.
O prefeito também lembrou que enquanto a população da região sofre com a falta de médicos, o governo estadual transporta diariamente, por meio de avião, 16 médicos para realizar atendimentos no hospital regional de Sobral. “Vocês acham essa situação justa? Será que a população da região Centro Sul não paga os mesmos impostos e têm os mesmos direitos?”,  indagou.
Falta de medicamentos
Um dos pontos abordados durante a entrevista foi em relação à falta de alguns medicamentos nos postos de saúde do município. “Essa é uma questão que não depende do município, porque a Prefeitura repassa rigorosamente em dia mais de R$ 300 mil por ano ao Estado, que fica responsável pela compra dos medicamentos que são utilizados pelas prefeituras”, explicou o gestor.
Durante a entrevista o prefeito Aderilo fez um breve balanço das ações da sua administração durante dois anos e meio de mandato, destacando a realização de inúmeras obras no município, como a construção de centros de educação infantil, abastecimentos de água, pavimentação de ruas, construção de escolas, centros de referência social, unidades básicas de saúde, além da implantação do programa de valorização do servidor público, como a implantação do Piso Salarial para todos os profissionais do magistério, dos Agentes Comunitários de Saúde, Agentes de Endemias, dentre outros.

Por Luiz Vasconcelos

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