quarta-feira, 29 de abril de 2015

Viaturas: decisão com técnica e austeridade

A decisão do Governo do Ceará de comprar automóveis mais baratos e com menor custo de manutenção para servirem de viaturas policiais vai muito além de uma simples troca de marcas. Trata-se de uma importante guinada na forma e no conceito de administrar o Estado. 
A substituição do carro sugere um modelo de gestão mais racional, focado na austeridade e sem perder a qualidade técnica. Pelas informações até aqui expostas, as novas viaturas podem ser até três vezes mais baratas que as atuais camionetes com tração nas quatro rodas e câmbio automático. É evidente que a manutenção também é bem mais em conta.
A escolha de uma viatura policial não pode ser feita a partir de experiências pessoais acerca da qualidade e durabilidade do carro. Um automóvel pode ser muito adequado para alguns usos (percorrer o Estado em campanha política, por exemplo) e péssimo para outros (policiamento urbano, por exemplo).
Parece ser esse o caso das camionetes que viraram um símbolo das últimas duas gestões estaduais. No dia a dia do policiamento, os carros se mostraram inadequados em vários sentidos. Para citar apenas dois, a tração foi um luxo desnecessário e o câmbio automático um item que limitou a ação dos carros (em perseguições, por exemplo).
Os modelos até aqui sugeridos são largamente usados em vários outros estados do País. Independentemente do preço e do modelo, uma viatura policial tem, pela natureza do serviço, vida curta. Estima-se que 30 meses é um limite de tempo razoável. Portanto, é preciso que o carro possua custos adequados.
A qualidade do policiamento não depende do modelo da viatura que faz a ronda urbana. Muito mais relevante é a qualidade do policial, a presteza e a eficiência do sistema. Essa compreensão talvez seja a mais importante mudança de concepção na área de segurança pública. Definitivamente, não é o “carrão” que estabelece a autoridade policial, como se alardeou durante anos.
Um estado com as condições econômicas do Ceará jamais pode abrir mão da austeridade nas compras governamentais. As decisões devem sempre se basear na técnica e nunca desconsiderar o impacto dos custos futuros nas contas do Governo.
O POVO

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