domingo, 22 de setembro de 2013

Fim do voto secreto pode ser definido em outubro

Agência Brasil (Brasília) – O fim do voto secreto nas deliberações do Congresso Nacional tem novo episódio marcado para a próxima terça-feira (24). A medida que tornaria pública todas as posições de deputados e senadores sobre decisões simples até as mais polêmicas vem se arrastando em uma disputa que completa anos no Legislativo.
Na semana passada, os senadores começaram a discutir em plenário uma das propostas de emenda à Constituição (PEC), enviada pela Câmara dos Deputados e aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado há poucos dias, depois de uma sessão confusa, quando o relator da matéria mudou, duas vezes, seu parecer.
A PEC 37 abre o voto para todas as decisões a serem tomadas pelos parlamentares e para passar a valer como lei, sem precisar retornar à Câmara, tem que passar por cinco sessões de discussão e dois turnos de votação no Plenário do Senado, com a aprovação por, pelo menos, 49 senadores. A segunda sessão de debates está marcada para o dia 24.
“Pedi para incluir na pauta para que na semana seguinte possamos trabalhar essas cinco sessões, debater essa matéria e recepcionar as emendas para votar em plenário”, explicou o senador Walter Pinheiro (PT-BA), que pediu a inclusão da matéria na Ordem do Dia da última quinta-feira (19). 

Rede estuda recorrer ao STF

A Comissão Nacional da Rede Sustentabilidade se reuniu ontem, a portas fechadas, em Brasília, para discutir a estratégia de formalização do partido a tempo de participar das eleições de 2014. A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que pretende se candidatar a presidente da República pela sigla, participou da primeira parte do encontro, que reuniu cerca de 50 representantes, entre eles, a ex-senadora Heloisa Helena.
Dirigentes do partido prometeram se manifestar sobre o teor da reunião neste domingo, mas, nos bastidores, já se fala na possibilidade de a Rede acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para conseguir o registro em tempo hábil. O encontro foi realizado ao longo de todo o dia de ontem. Hoje, integrantes da Rede voltam a se reunir na capital brasileira.

Partidos tensionam reta final de filiações

A 13 dias do término do prazo de filiações partidárias e com a eleição presidencial cada vez mais visível no horizonte, os ânimos dos presidenciáveis estão acirrados. PT e PSB entraram em rota de colisão após o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ter ordenado o desembarque do governo. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) apresentou o novo programa na televisão e reuniu os correligionários em Alagoas. A Rede de Marina Silva reuniu-se a portas fechadas em busca de alternativas caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não autorize a criação do partido. E José Serra (PSDB) ainda está indeciso sobre o futuro político.
A saída antecipada do PSB da base de sustentação do governo Dilma Rousseff aprofundou divisões dentro do PT, já tensionado pelo processo de eleição do presidente da legenda, programada para novembro. Uma ala do partido, liderada pelo presidente do PT, Rui Falcão, é apontada como a origem do movimento de pressão que acabou levando o presidente do PSB, Eduardo Campos, a entregar os cargos da legenda na administração federal e anunciar oficialmente o desembarque do partido da base aliada.

Sem PSB, PT vislumbra menos governadores

O desembarque do PSB do governo de Dilma Rousseff levou o Palácio do Planalto e o PT a articular uma estratégia de asfixia dos palanques estaduais em formação ao redor da possível candidatura a presidente do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
O preço disso, porém, pode ser um menor número de governadores petistas eleitos em 2014. Pelos cálculos, o piano colocar ao PT em dificuldades para manter seus atuais governos estaduais-Acre, Bahia, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Sergipe embora considere que será competitivo pelo menos em São Paulo, com o ministro Alexandre Padilha (Saúde), e no Paraná, com a ministra Gleísi Hofímann (Casa Civil).
O motivo é que com a saída do PSB, serão necessárias concessões aos aliados muito maiores dos que as previstas. É dado como certo que o PT nao conseguirá eleger o governador de Sergipe e que terá dificuldades na Bahia, onde poderá enfrentar uma aliança entre o PMDB de Geddel Vieira Lima e o PSB, e no Distrito Federal, onde o PDT deverá se aliar ao PSB do senador Rodrigo Rollemberg.

Lula retoma negociação de palanques para Dilma

Depois de recolhimento temporário, o ex-presidente Lula voltou a entrar de cabeça nas articulações pré-eleitorais e tomou para si a tarefa de negociar palanques para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Ele vem tentando agradar aos aliados e orientar o PT.
Seus conselhos, no entanto, nem sempre são ouvidos. Um exemplo foi a saída do PSB do governo na semana passada, que ele agora tenta administrar para evitar maiores danos à sucessão da petista.  Presidente do PSB, o governador Eduardo Campos (PE) atribui ao ministro Aloizio Mercadante (Educação), braço-direito de Dilma, e ao presidente do PT, Rui Falcão, a responsabilidade pelo processo de hostilização que o teria levado a entregar os ministérios da Integração Nacional e dos Portos, além de cargos de segundo escalão, e dar um passo concreto para o lançamento de sua candidatura à Presidência da República no ano que vem.
— Agora vai cair a ficha lá que quem estava articulando isso jogou a presidente em uma esparrela. Ela foi indo em quando viu, estava na beira do boqueirão — disse Campos a correligionários após encontro com Dilma na quarta-feira.  Enquanto Lula recomendava ao PT e à Dilma que não “satanizassem” Campos, de olho em uma aliança no provável segundo turno das próximas eleições, a presidente teria sido aconselhada por Mercadante, dirigentes do PMDB e Falcão a tirar do governo o ministro Fernando Bezerra, afilhado político de Campos, já que o socialista vai disputar com ela no ano que vem.
O Globo

Recurso do mensalão pode beneficiar até 84 políticos

Até 84 políticos réus em 135 ações penais em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) podem ser beneficiados com a decisão da Corte de aceitar a validade dos embargos infringentes, tipo de recurso que dá direito a um novo julgamento. Terão essa nova possibilidade os parlamentares que obtiverem pelo menos quatro votos pela absolvição em algum dos crimes pelos quais respondem. Na maioria dos casos, os processos estão à espera de análise do ministro relator.
Até o momento, entre todos os processos, a Procuradoria Geral da República só deu parecer pela absolvição em quatro casos.  Desse grupo, sete deputados e dois senadores estão mais próximos de serem julgados. Eles são réus em ações que já foram liberadas ao plenário da Corte, mas ainda não foram analisadas. Algumas dessas ações são, inclusive, mais antigas que a do mensalão, julgada no ano passado e atualmente na fase de recursos.
Compete ao presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, selecionar, dentre os processos liberados, os que serão julgados nas sessões plenárias.  A maior parte das ações — 24 no total — é de políticos que respondem por crimes previstos na Lei de Licitações. Os crimes de responsabilidade aparecem em 20 processos. Trata-se de ato irregular praticado por um agente político, como, por exemplo, apropriar-se de rendas públicas ou desviá-las em proveito próprio ou alheio.
Quem não for reeleito no próximo ano perderá o foro privilegiado, ou seja, não terá o direito de ser julgado diretamente pela mais alta Corte do país. Assim, terá o processo enviado para instâncias mais baixas e perderá o direito a esse recurso. Na semana passada, o ministro Celso de Mello desempatou a votação a favor da admissibilidade dos embargos infringentes de 12 dos 25 condenados no processo do mensalão, abrindo possibilidade para que os políticos processados no STF tenham o mesmo direito se obtiverem ao menos quatro votos pela absolvição.

PT poderá indicar José Guimarães para o Governo do Ceará

O afastamento do PSB do governo federal em nome da candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República em 2014 poderá obrigar o PT a lançar mais nomes próprios nas disputas estaduais do que o inicialmente planejado por seus dirigentes.

O rearranjo da estratégia deve ocorrer em Pernambuco, Estado governado por Campos, no Ceará e no Espírito Santo, ambos também sob comando socialista. O plano inicial do PT para essas três disputas era apoiar a eleição ou a reeleição dos candidatos do PSB.

Em troca, teria palanques locais fortes para a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição --uma das prioridades dos petistas-- e participação relevante na composição local, seja como vice-governador, seja com candidato ao Senado.

A meta de um palanque forte por Estado para Dilma corre risco com a confirmação da candidatura Campos.

No Ceará e no Espírito Santo, os governados socialistas Cid Gomes e Renato Casagrande defenderam dentro do PSB apoio à reeleição de Dilma. A dúvida é saber se eles teriam força para manter essa posição durante a campanha de Campos.

DESEJO

Uma alternativa possível para os petistas no Espírito Santo seria lançar o ex-prefeito de Vitória João Coser a governador. "É o primeiro nome a ser lembrado", diz a deputada e ex-ministra Iriny Lopes, integrante do diretório nacional do PT.

Líder da bancada petista na Câmara dos Deputados, José Guimarães, do Ceará, diz que ainda trabalha com a hipótese de união do PT com Cid Gomes e o PMDB no Estado.

Cid está no segundo mandato e também não tem candidato natural à sucessão.

No arranjo desejado por Guimarães, caberia ao PT a vaga ao Senado, pleiteada por ele próprio. Mas se houver necessidade de um palanque de emergência para Dilma, diz, ele mesmo sairia candidato ao governo cearense.

Folha

sábado, 21 de setembro de 2013

"Brasileiro não tem motivos para votar em Dilma", afirma Tasso Jereissati

O ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati, afirmou, durante o “Encontro Nordeste” em Alagoas, que ninguém tem dúvida que o PSDB terá o senador mineiro e presidente nacional da legenda, Aécio Neves, como candidato a presidente da República. De acordo com ele, a sigla está fechada com Aécio.
Ainda em sua fala no evento, Tasso também disse que o brasileiro não tem motivos para votar na presidente Dilma Rousseff (PT). E muito menos o nordestino. O ex-governador disse também que as principais obras do País estão paradas, não andam.
Presente no encontro, que acontece neste sábado, em Maceió (AL), o senador Aloysio Nunes também falou em unidade no partido, destacando que Aécio Neves apresentará um novo projeto para o País.
Blog Folhape

Gambiarra para chegar às urnas

Partido Solidariedade, do deputado Paulinho da Força, é suspeito de falsificar milhares de assinaturas para conseguir registro no TSE. Até chefe de cartório eleitoral foi incluída na suposta fraudePAULO DE TARSO LYRA
A reta final para a criação de legendas a tempo de disputar as eleições de 2014 transformou-se em um festival de jeitinhos, promessas e denúncias de irregularidades, como a apresentação de assinaturas falsas para obter o número necessário exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Duas agremiações — o Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e o Solidariedade — devem ter os processos analisados na terça-feira que vem. Já a Rede Sustentabilidade aguarda na fila (leia mais na página 3).
O caso mais grave é do Solidariedade, partido que está sendo criado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força. A legenda enfrenta a acusação de ter falsificado milhares de assinaturas, incluindo a da chefe do cartório de Várzea Paulista (242ª Zona Eleitoral), no interior paulista, identificada apenas como Francy. A denúncia consta em um processo que está no TSE, ao qual o Correio teve acesso, e foi feita pela própria Francy, em troca de e-mails com outros profissionais da área. "Recebemos, na semana passada, três listas de apoiadores desse partido e, para a minha surpresa, uma das fichas era com os meus dados e a minha assinatura falsificada. Fiquei indignada com a falta de caráter que esses representantes de partido têm", reclamou.
Na mesma troca de correspondências, o chefe de cartório eleitoral de Osasco (SP), Helder Ito de Morais, afirmou que o mesmo aconteceu com ele. "Foi aberto inquérito policial e prestarei as declarações sobre o ocorrido. De fato, isso é um absurdo", disse. A sequência de queixas se deu após um e-mail enviado pela chefe de cartório de Santa Branca (SP), Luciana Bocardi Alvares, afirmando que a maioria das 400 assinaturas encaminhadas pelo Solidariedade ao cartório não conferiam. Em Suzano (SP), existe uma grande suspeita de que as 2,5 mil assinaturas coletadas pelos integrantes do Solidariedade sejam falsas. Na primeira amostragem feita pelo cartório, com 12 fichas, nenhuma teve a assinatura confirmada pelos possíveis apoiadores.
Os fiscais decidiram, então, mudar a estratégia. "Tendo em vista o teor da informação acima e, diante da impossibilidade de intimar 2.564 eleitores, sem prejuízo ao bom andamento dos serviços cartoriais, determino que se proceda à diligência de, no mínimo, 1% do espaço amostral supracitado", ordenou o juiz da 415ª Zona Eleitoral de São Paulo, Rodrigo de Oliveira Carvalho. A verificação foi feita e constatou-se que as assinaturas eram falsas. Em Brasília, um inquérito da Polícia Federal investiga a denúncia de que uma lista de servidores do Congresso filiados ao Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo e Tribunal de Contas da União (Sindilegis) foi fraudada para que o partido pudesse ser criado.
Um desafeto de Paulinho, correligionário do PDT, afirma que, em tese, ele não deveria enfrentar dificuldades para criar uma legenda. O deputado é presidente da Força Sindical, que tem 10 milhões de filiados. Se ele conseguisse 1 milhão de assinaturas, poderia criar dois partidos. "Mas é como a história do escorpião e do sapo, que morreram afogados. É da natureza dele buscar o caminho mais fácil", disse.
Paulinho se defendeu e afirmou que todas as denúncias fazem parte de uma fase anterior do processo e que todas as assinaturas já foram certificadas pelo TSE, restando apenas a análise do processo de criação do Solidariedade. E minimiza o problema. "Apresentei 900 mil assinaturas para conseguir validar 503 mil. Assinaturas rejeitadas, todos têm. A Rede teve, o Pros teve e nós também tivemos. Alguns chefes de cartório só estão ali para encher nosso saco", reclamou.
Irmãos Gomes
O Pros não tem problemas aparentes, mas corre contra o tempo para filiar o maior número possível de políticos. Inflado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes no Ceará, o partido pode se tornar a nova legenda do governador cearense, Cid, caso ele decida romper com o PSB.
Eles também procuraram o deputado Major Fábio (DEM-PB), que, depois de se eleger como suplente nas duas últimas eleições, sonha em ser governador da Paraíba. "O Pros me convidou. Quando você tem vontade de vencer, Deus pode te ajudar a conquistar a vitória", declarou Major Fábio ao Correio.
A futura legenda tem como única bandeira a redução dos impostos, e seus interlocutores afirmam que eles não são "de centro nem de esquerda nem tampouco de direita".
"Assinaturas rejeitadas, todos têm. A Rede teve, o Pros teve e nós também tivemos. Alguns chefes de cartório só estão ali para encher nosso saco"
Paulo Pereira da Silva, deputado federal pelo PDT-SP e idealizador do partido Solidariedade
Como nasce um partido
Confira o passo a passo para a criação de legendas
» A legenda precisa apresentar 492 mil assinaturas de apoio válidas, o equivalente a 0,5% do total dos votos dados para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições
» As assinaturas são verificadas pelos cartórios eleitorais e encaminhadas para o TRE
» Antes de entrar com o pedido de registro no TSE, a sigla precisa da certificação das assinaturas de pelo menos nove TREs. A resolução que disciplina a criação de partidos estabelece que as assinaturas sejam coletadas em pelo menos um terço dos estados brasileiros e atinjam ao menos 0,1% dos eleitores de cada uma dessas nove unidades da Federação
» Em posse das certificações de pelo menos nove TREs e com a quantidade mínima nacional de assinaturas, a legenda entra com o pedido de registro no TSE
» No prazo de até 48 horas após a apresentação do pedido, o processo deve ser distribuído a um relator
» Caberá a qualquer interessado impugnar, no prazo de três dias, contados da publicação do edital, o pedido de registro. Havendo impugnação do Ministério Público ou de outro partido, será aberta vista ao requerente para contestar no mesmo prazo
» A Procuradoria-Geral Eleitoral deverá se manifestar em três dias antes de o processo ser liberado para o relator, que não tem prazo para apresentar na Mesa o julgamento de pedido de registro. Quando não há impugnação, o processo segue imediatamente para a análise do relator
» Para que o partido esteja apto a participar das eleições de 2014, é necessário que o registro seja aprovado pelo plenário do TSE antes de 5 de outubro deste ano (um ano antes do pleito). Essa também é a data-limite para um político se filiar à sigla caso queira disputar as próximas eleições.
CORREIO BRAZILIENSE

Carne abatida nas “moitas” ameaça Crateús de doença grave

Há muito tempo que a cidade de Crateús deixou de comer carne abatida em abatedouro. O tipo de abate feito no município chama-se “moita”. Diferente do abatedouro, o gado morto na “moita” não passa por nenhum critério de higiene ou de inspeção sanitária. Assim, ninguém sabe, ao certo, que tipo de carne está comendo em Crateús. Ela tanto pode ser saudável quanto doente. Se for saudável ainda corre o risco de ser contaminada por causa do tipo de abate que sofre, o transporte sem os cuidados devidos e a inspeção indispensável; se estiver doente o risco é muito grande porque aquele que se alimenta dela pode ser contaminado por uma doença grave: o botulismo.
SEM PREVISÃO
O mais complicado nisso é que a cidade de Crateús não tem qualquer previsão para sair dessa situação absurda, dizem seus moradores. Para que o abatedouro entre em funcionamento, é exigido uma série de condicionantes para mantê-lo em atividade. Dentre eles estão a logística do abate, a distribuição da carne, o acondicionamento, a conservação, embalagem, transporte em veículos apropriados com pessoal especializado no manuseio do produto e os postos de venda devidamente licenciados pela Semam, Semace e o Serviço de Inspeção Federal.
A única saída para Crateús seria a retomada dos boxes da Feira Livre e do Mercado Antônio Pierre que pertencem ao município e não a particulares. A intenção seria a de transformar o Antônio Pierre em um mercado moderno para carnes, aves e peixes além de hortifrutigranjeiro. Mas os entraves são muitos. Enquanto isso, o Abatedouro Público Municipal de Crateús já começa a ser consumido pelas intempéries sem ninguém fazer nada para mudar isso. (Com a colaboração de Amaury Alencar).

CGU acusa governo do Ceará de favorecer ONG suspeita

Relatório sigiloso da Controladoria-Geral da União (CGU) afirma que o governo de Cid Gomes (PSB) no Ceará retardou uma licitação enquanto o ex-secretário executivo do Ministério do Trabalho, Paulo Roberto Pinto (PDT-RJ), eliminava restrições que impediam o Instituto Mundial de Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC), entidade pivô do escândalo de desvios na pasta, de participar da disputa.
A CGU suspeita de uma operação sincronizada para favorecer a entidade, investigada na Operação Esopo da Polícia Federal (PF). Após a denúncia de irregularidades em convênios firmados pela pasta com o IMDC, Paulo Roberto Pinto pediu demissão do cargo no último dia 10, após ser levado para prestar depoimento à PF, sob suspeita de favorecer o instituto.
Na esteira da operação da PF, além do ex-secretário executivo, foram exonerados o secretário de Políticas Públicas da pasta, Antônio Sérgio Vidigal, e o ex-assessor do ministro Manoel Dias, Anderson Brito.
Adiamento. O governo do Ceará abriu em fevereiro de 2012 concorrência para escolher instituições executoras do Programa ProJovem no Estado, bancado com recursos do ministério. A entrega das propostas dos interessados estava prevista para 30 de março.
Porém, sete dias antes da data marcada, o então secretário da pasta, Evandro Leitão (PDT-CE), pediu, em ofício, o adiamento do processo, a título de fazer ajustes no edital.
Desde 27 de fevereiro, o IMDC constava do Cadastro de Entidades Privadas Sem Fins Lucrativos Impedidas de Contratar com a Administração Federal (Cepim). Pelas regras do edital, isso o impedia de disputar os contratos.
"Com a reformulação, foi estipulado um novo prazo para a apresentação das propostas, tempo suficiente para que o ministério promovesse a exclusão da entidade do Cepim, habilitando-a para concorrer em todos os lotes", diz o relatório dsa CGU.
O edital foi relançado em 12 de abril e a entrega dos envelopes, remarcada para 5 de junho. Nesse período, Paulo Roberto Pinto, então ministro interino do Trabalho, atuou para retirar o instituto da chamada "lista-suja" das ONGs. Num aviso de 23 de abril, requereu a exclusão à CGU, tendo em vista "a plena superação dos problemas identificados". O IMDC, então, habilitou-se para a licitação, vencendo seis dos sete lotes, no valor de R$ 10,5 milhões. "Foi para dar tempo de o instituto se liberar", afirma um dos responsáveis pela investigação.
Grampos da Polícia Federal revelaram suposta articulação entre o IMDC e servidores do Trabalho para livrá-lo das restrições do Cepim. A CGU diz que o objetivo da entidade, ao sair do Cepim, era abocanhar os contratos do Ceará, pois ela não tinha repasses pendentes no governo federal.
Contratos
Em relatório da Operação Esopo, citando os contratos com o governo do Ceará, a PF diz causar "estranheza" a parceria com o IMDC, apesar do seu histórico de irregularidades. O Estado firmou quatro contratos de R$ 7,6 milhões com o instituto, em abril. Dias depois, o ministro Manoel Dias (PDT-SC) lançou o ProJovem no Estado. Ao menos R$ 1,15 milhão foi pago até a Operação Esopo ser deflagrada, em 9 de setembro.
No mesmo dia, Cid Gomes anunciou uma reforma do secretariado. Aliado do líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), o então secretário Evandro Leitão foi substituído pelo também pedetista Josbertini Clementino, ex-chefe de gabinete do parlamentar e ex-diretor de Políticas de Juventude do Ministério do Trabalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nordeste quer mais do que Bolsa Família e promessas não cumpridas

Com quase um terço da população brasileira, o Nordeste luta por sua autonomia. A região já não se contenta mais em ser apenas o destino principal da maior parte dos benefícios do Bolsa Família, como confirmam levantamentos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome: das 13.765.514 famílias beneficiadas pelo programa, 6.966.714 são do Nordeste.
Longe de querermos tirar o mérito do Bolsa Família, que tem sido fundamental para assegurar condições mínimas de dignidade a milhares de brasileiros. Vale ressaltar, inclusive, que o Bolsa Família teve suas raízes estabelecidas no governo Fernando Henrique Cardoso. Mas é preciso deixar claro que nós, nordestinos, queremos e merecemos mais do que isso.
Precisamos de políticas estruturantes imediatas, que nos permitam andar com as próprias pernas, não apenas de programas sociais e muito menos de falsas promessas, como o conjunto de obras que nos foi vendido nas últimas eleições presidenciais pelo PT.
Podemos começar pela tão propalada Transposição do Rio São Francisco, iniciada com alarde pelo ex-presidente Lula em 2007 e visitada com pompa por sua então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pouco antes do início da campanha eleitoral de 2010.
Identificada na propaganda eleitoral petista como a solução para a seca do Nordeste, a obra não conseguiu levar até agora uma gota d"água aos nordestinos, que vivenciaram este ano a pior estiagem dos últimos 40 anos. Mesmo tendo seu custo inicial pulado de R$ 3,8 bilhões para R$ 8,2 bilhões. A inauguração prometida para 2010 acabou adiada para 2015.
A situação da Ferrovia Transnordestina, cuja conclusão foi prometida pela então candidata Dilma Rousseff até o fim de 2010, é ainda pior. A obra está parada. Dos 1.728km de trilhos previstos, apenas 362km estão prontos. E a previsão de gastos federais não para de subir e deve bater a marca de R$ 7,5 bilhões, quase o dobro da estimativa inicial.
O mesmo ocorre com a Ferrovia Norte-Sul, que também teve sua inauguração prevista para 2010. Mas, logo após a posse de Dilma Rousseff, a construção começou a sair do trilho, depois de ministros do Tribunal de Contas da União apontarem "gestão temerária" e "controle deficiente" na ferrovia antes de a obra ser efetivamente inaugurada. O pior é que alguns trechos prontos já se transformam em ruína, mato e erosão.
Para coroar esse quadro de ineficiência, registro a situação da Refinaria Abreu e Lima, obra tão aguardada pelos pernambucanos pela janela de oportunidades que garantirá ao estado. A refinaria ainda não está pronta. Começou a ser construída em 2007, mas desde então seu custo aumentou quase nove vezes, chegando aos atuais US$ 20,1 bilhões.
Na tentativa de encontrar uma luz no fim desse túnel, o PSDB decidiu discutir com os próprios nordestinos seus problemas e prioridades, por meio de um encontro regional previsto para acontecer neste 21 de setembro, em Maceió.
Os nordestinos precisam ser ouvidos. Ninguém resolverá os problemas da região conversando apenas com marqueteiros, como tem feito o PT.
Correio Braziliense