segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Governador é petista, o seu governo não o será

O PT não vai controlar o Governo de Camilo Santana. Sua influência política, se tiver, será deveras tímida. O cerne da nova gestão sairá da base política fincada pelo governador Cid Gomes (PROS), embora ele fique fora do Brasil, durante todo o ano de 2015. Os petistas crescerão muito pouco em representação no primeiro escalão do futuro Governo, e nada indica virem a ser uma fonte para as políticas públicas da gestão a se instalar. Camilo fará uma administração nova, como tem enfatizado, mas não tão diferente desta inaugurada em 2007.
A alguns petistas, inclusive coadjuvantes da campanha recém-finda, convencidos estão da realidade que se lhes apresenta. Camilo é pessoa de diálogo, dizem alguns, ouve a todos, fala pouco, mas tem suas razões de não ser o petista que gostariam que ele fosse. Camilo poderia ter sido vice-governador do Estado, no lugar de Domingos Filho, em 2010, e não o foi por falta de apoio do seu partido. Poderia ter sido o candidato a prefeito de Fortaleza e não o foi pela intransigência de parte do PT, cuja aversão ao seu nome era explícita e inclusive pública.
Ele, como o atual prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, também amigo de Cid, não teriam deixado o PT, como fizeram outros, inclusive o vereador Salmito Filho e o próprio pai de Camilo, Eudoro Santana, atendendo a ponderações do governador, sob a alegação de precisar de amigos naquela sigla.
Operadores
E Camilo saiu candidato à sucessão estadual por escolha pessoal de Cid, talvez até forçado pelas exigências do deputado José Guimarães, de ser candidato ao Senado, quando todas as pesquisas internas do Governo davam-no como empecilho ao sucesso eleitoral de qualquer chapa majoritária.
O desconforto de Camilo no PT, como o de Nelson Martins e alguns outros mais próximos do atual Governo se tornou mais acentuado ainda nos últimos meses. Um dos operadores do candidato Eunício Oliveira (PMDB) em Fortaleza, principal adversário do governador eleito, era petista próximo ao diretório municipal do partido.
E como se não bastasse, foi hostil a oposição feita ao vencedor do pleito por Luizianne Lins, Eudes Xavier, Antônio Carlos e outros filiados ao PT. Ao governador, a partir de 1º de janeiro próximo, se já não o foi dito o será, que apesar desse grupo do PT, do distanciamento da presidente Dilma e do ex-presidente Lula da sua batalha para ser eleito, assim mesmo ele chegou lá.
Cid Gomes, também por estar fora do Brasil, no primeiro ano da nova gestão, não imporá forte inibição a Camilo, como seria natural se aqui permanecesse. Ciro Gomes buscará novos caminhos. Diz que não, mas gostaria de ser ministro. De qualquer forma não estará tão próximo do Governo como esteve ao longo dos dois mandatos do irmão. Mas outras pessoas do grupo responsável pelo sucesso eleitoral aqui permanecerão para ajudar, cobrar e inibir ações políticas contrárias ao projeto do qual o próprio Camilo faz parte desde o seu nascedouro em janeiro de 2007, início do atual Governo.
O deputado José Albuquerque, presidente da Assembleia; Roberto Cláudio, prefeito de Fortaleza; deputado Ivo Gomes, Mauro Filho e Danilo Serpa vão estar sempre por perto. Nenhum deles quer o PT com mais espaços no Governo, além daquele hoje ocupado. O fosso separador de alguns petistas e o pessoal do PROS, o partido do atual Governo, antes de Camilo ser candidato só aumentou no curso da campanha. Essa situação estimula os governistas a serem mais restritivos em relação a esses filiados ao PT participarem da futura administração.
Elogios e acusações
A foto de capa Diário do Nordeste, no dia 4 de outubro de 2010, algumas horas após conhecido o resultado oficial da votação do dia anterior, mostra como os nossos políticos têm um discurso fácil de elogios aos aliados de momento.
Ali, como mostra o fac-símile que ilustra esta página, estão os três maiores inimigos da política local. Cid Gomes, ao centro, governador eleito, tendo como companheiros de comemoração os senadores Eunício Oliveira e José Pimentel, também eleitos no mesmo pleito.
Com Pimentel, o rompimento foi primeiro, nem bem completara um ano das trocas de elogios nos palanques e na propaganda eleitoral.

Hoje, Pimentel e Cid evitam se encontrar e não sendo possível o desvio o cumprimento deles é muito frio. Pimentel não esteve à frente da campanha de Eunício contra o seu correligionário Camilo Santana, mas torcia por sua derrota, admitem alguns petistas, só para que o insucesso eleitoral fosse debitado ao governador.
Com Eunício, o rompimento demorou um pouco mais. Foi nos primeiros meses deste ano, pouco antes do prazo limite da homologação dos nomes dos candidatos ao Governo, pelas respectivas convenções. A troca recente de insultos dava a entender que nunca os dois haviam exagerado nos elogios um ao outro, talvez, na época, sonhando viver uma aliança eterna, desconhecendo a realidade da política que mostra serem os aliados de hoje os adversários de amanhã.

Diário do Nordeste

Cid Gomes planeja a criação de um novo partido, entenda como será a sigla

O governador Cid Gomes (Pros) defendeu a criação de um novo partido ou bloco para fazer frente ao PMDB. Sigla essa classificada por ele como “um mal terrível, que tem que ser combatido”. O governador afirmou que pretende ampliar conversas com o presidente nacional do Pros, Eurípedes Júnior, para articular a possível fusão.
A declaração vem em um momento de dificuldades enfrentado pela presidente Dilma Rousseff no Legislativo. Após a vitória nas urnas, aliados estão se voltando contra o governo. Na última terça-feira, 28, o Congresso aprovou uma proposta que suspendeu o decreto presidencial que institui a criação da Política Nacional de Participação Social (PNPS) e do Sistema Nacional de Participação Social (SNPS).
Segundo Cid Gomes, a bancada seria formada por cerca de 50 deputados. Além do Pros, o governador apontou como possíveis aliados o PDT e o PC do B. “São partidos em que há afinidades. Afinidades, não há nenhuma conversa ainda”, garantiu.
Segundo Domingo Neto, deputado federal pelo Pros, não existe ainda dentro do partido qualquer acordo. Segundo ele, há no Pros aqueles que quererem uma aproximação com partidos com interesses semelhantes, como o PC do B. Outra parte, afirma, defende um alinhamento a diversos partidos pequenos.
O deputado, entretanto, afirmou que o Pros já foi procurado pelo PT e pelo próprio PMDB para formar outro bloco, mas garante que não é o caminho que deve ser seguido. “O que não queremos é deixar o Congresso virar instrumento de chantagem”, finaliza.
Cid Gomes já foi do PMDB no início da sua carreira política. Até o ano passado, o governador mantinha boa relação com o partido. O PSB, antiga sigla de Cid, que apoiava o PMDB no Ceará, lançou Eduardo Campos à disputa presidencial. Cid preferiu apoiar Dilma Rousseff.
As relações de Cid com o PMDB se desgastaram após o governador ir para o Pros, que lançou candidato próprio, Camilo Santana (PT), para o Governo do Estado. Após mais de sete anos, a parceria entre Eunício Oliveira (PMDB) e Cid Gomes chegou ao fim com acusações de ambos os lados durante a campanha eleitoral.

Carlos Lupi
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, também acenou para a necessidade de formação de blocos no Congresso. O presidente da sigla, entretanto, ressaltou que a formação de um novo partido (fusão) não é uma opção. Segundo ele, já existem negociações do PDT com outras três siglas. 
André Figueiredo, presidente estadual do PDT, afirmou que já conversou com o governador Cid Gomes sobre esse alinhamento entre as siglas. Segundo ele, além do Pros, é possível uma aproximação com o PSB, o PTB e o PC do B.

NÚMEROS 
5O
É o número de deputados federais fruto da possível união entre Pros e PDT 
66
Foi o número de deputados federais eleitos pelo PMDB em outubro

SERVIÇO

Saiba mais sobre o Pros



Saiba mais sobre o PDT

O POVO

A fina ironia da marineira Neca Setúbal sobre Dilma

Atacada pelo PT no primeiro turno, a educadora Neca Setubal, que coordenou o programa de governo de Marina Silva, diz que a subida na taxa de juros logo depois da reeleição de Dilma 'é a coisa mais irônica da campanha'.
Petistas sustentavam que a herdeira do Itaú faria Marina ceder aos interesses dos banqueiros. 'E ainda falam no Luiz Carlos Trabuco para ministro da Fazenda!', diz ela, referindo-se ao presidente do Bradesco.
Neca diz que Marina certamente não repetirá a linha pós-2010, quando se afastou da política institucional. 'Ela será mais atuante, sem dúvida.'   (Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo)

Jarbas Vasconcelos candidato a presidente da Câmara Federal

Surgiu no Parlamento um movimento que tenta colocar em pé a candidatura de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) à presidência da Câmara. Ainda senador, Jarbas acaba de ser eleito deputado. Em fevereiro, ele se transferirá para a Casa legislativa ao lado. O assédio lhe chega com três meses de antecedência. Há quatro dias, Jarbas recebeu um telefonema do deputado Silvio Costa (PSC-PE). Foi informado de que há na Câmara um grupo interessado em empinar sua candidatura à sucessão interna. Mencionaram-se na conversa vários potenciais apoiadores. Entre eles, por exemplo, Miro Teixeira (PROS-RJ).
O nome de Jarbas é mencionado como opção também nas conversas de integrantes do grupo dos partidos de oposição. PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade buscam uma espécie de terceira via. Algo que torne menos previsível a disputa, virtualmente polarizada entre o líder do PMDB Eduardo Cunha (RJ) e o candidato a ser lançado pelo PT.
No bloco oposicionista, quem sugeriu o nome de Jabas foi o deputado Marcus Pestana, vice-líder da bancada tucana e presidente do PSDB de Minas Gerais. O grupo ainda não tomou uma posição. Fará nova reunião nesta terça-feira (4).

Jantar do PMDB com Michel Temer

O vice-presidente Michel Temer promove jantar de confraternização com os senadores e os deputados do PMDB, amanhã, em Brasília, no Palácio Jaburu. Quer afinar o discurso para indicação de cargos e as eleições para o Senado e Câmara.

Brasil e Uruguai passam a fazer transação em moeda local

Depois da Argentina, as transações comerciais entre o Brasil e o Uruguai poderão ser feitas na moeda local dos dois países. O sistema de pagamento em real e peso uruguaio entrará em operação em dezembro, informou o Banco Central do Brasil. Os testes de informática para a implantação estão sendo concluídos. O convênio para o início das transações foi assinado, na sexta-feira (31), durante a reunião dos presidentes de Banco Centrais da América do Sul, em Lima, no Peru. O Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), como é chamado, substitui as transações em dólares e deve facilitar o comércio de bens e serviços entre o Brasil e o Uruguai. Pelo convênio, importadores e exportadores brasileiros e uruguaios poderão realizar pagamentos e receber em suas respectivas moedas, dispensando o contrato de câmbio. Também será possível a utilização do sistema para o pagamento de aposentadorias e pensões, além de remessas de pequeno valor. De acordo com o BC, o mecanismo vai aumentar o nível de acesso dos pequenos e médios agentes e aprofundar o mercado em real e peso uruguaio, com redução de custos das transações. O uso do SML é voluntário. O BC brasileiro informou que o sistema com o Uruguai é semelhante ao da Argentina, mas inclui avanços decorrentes da experiência adquirida ao longo dos anos. Entre esses avanços, o BC cita a possibilidade de os agentes brasileiros não apenas exportarem, mas também importarem em reais, e a inclusão de serviços não relacionados ao comércio de bens. O sistema de pagamentos com a Argentina foi criado em 2008, mas com a crise do país vizinho as operações têm recuado. O sistema deve ser expandido para outros países, como o Paraguai. Outras nações como Rússia, Índia e China já demonstraram interesse em adotar o sistema no comércio bilateral com o Brasil.

Cristina Kirchner é internada

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, teve que ser hospitalizada neste domingo (2) por conta de um quadro “febril infeccioso”. Com 61 anos, Kirchner foi internada no Sanatorio Otamendi, em Buenos Aires, e submetida a exames e tratamento. O hospital enviou um boletim médico à imprensa, mas não deu mais detalhes sobre a saúde da presidente. Em meados de outubro, Cristina passou dias em repouso por conta de uma faringite. Há um ano ela foi submetida a uma cirurgia por causa de um hematoma cerebral. As informações são da Reuters. 

domingo, 2 de novembro de 2014

Atraso na construção de adutora em Ipaumirim

O comerciário Paulo Moreira, morador da cidade de Ipaumirim, reclama do atraso na conclusão da obra da adutora do Açude Jenipapeiro que deverá beneficiar os moradores das cidades de Baixio, Umari e Ipaumirim. "Essa obra já deveria ter sido concluída há mais de um ano, mas até agora nada", disse. "Os moradores enfrentam dificuldades de abastecimento, há racionamento e é preciso comprar água de caminhão pipa". Até mesmo no Jenipapeiro, a escassez de água tem sacrificado a população local, que recorre a lombos de animais para o transporte por longas distâncias.

FHC afirma que Lula perdeu prestígio, mas que acredita ‘na boa vontade de Dilma’

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou, entrevista à revista Época, que a oposição não precisa se preocupar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontado como candidato a retornar ao Palácio do Planalto em 2018. “A oposição não deve temer o fantasma do Lula, não. Ele perdeu o prestígio. Onde ele indica, os nomes não ascendem”, criticou o tucano. Ele atacou ainda a condução da campanha eleitoral de 2014. “A campanha foi baseada em agressões pessoais. A respeito do Aécio, a respeito do Aloysio (Nunes Ferreira), a respeito da Marina (Silva). Fizeram reiteradas afirmações falsas a respeito do meu governo. Atribuíram a mim palavras que não disse sobre o Nordeste”, rebateu FHC, alvo de insinuações durante o processo eleitoral sobre uma entrevista em que teria atrelado a votação do PT no Nordeste às condições culturais e socioeconômicas da região. Apesar das divergências com o modelo de gestão petista, o ex-presidente, todavia, admitiu que a presidente Dilma Rousseff (PT) possui “boa vontade” para apurar casos de corrupção, mas que tem dúvidas “se ela conseguirá escapar do sistema político em que está envolvida”.

Aquecimento global: se não houver ação será tarde demais, aponta relatório internacional

A síntese do 5º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês), divulgado neste domingo (2), em Copenhague, na Dinamarca, mostra que se não houver ação imediata das nações para frear o aquecimento global, em pouco tempo, não haverá muito o que fazer. “Se as taxas de emissão de gases de efeito estufa continuarem aumentando, os meios de adaptação não serão suficientes”, aponta o documento. “Temos uma janela de oportunidade, mas ela é muito curta. O relatório mostra isso. As mudanças climáticas não deixarão nenhuma parte do globo intacta”, enfatizou o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, durante a apresentação da síntese. Ele ressaltou que ainda há meios para frear as mudanças climáticas e construir um futuro mais próspero e sustentável, mas que a comunidade internacional precisa levar a questão a sério. Nas últimas três décadas foram registrados sucessivos aquecimentos na superfície da Terra, sem precedentes desde 1850. O período entre 1983 e 2012 foi o mais quente dos últimos 800 anos no Hemisfério Norte, de acordo com a síntese. O aquecimento médio global combinado da Terra e dos oceanos no período de 1880 a 2012 foi 0,85 grau Celsius (°C). O derretimento das geleiras, em especial na Groelândia e na Antártida, geraram o aumento do nível do mar em 19 centímetros de 1991 a 2010. O número é maior do que os registrados nos últimos dois milênios. O relatório alerta, também, para a acidificação dos oceanos em 26% por causa da apreensão de gás carbônico da atmosfera, o que pode ter impacto grave sobre os ecossistemas marítimos. Para o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que participou da apresentação do relatório, é preciso agir imediatamente. “O tempo não está a nosso favor. Vamos trabalhar juntos para construir um mundo mais sustentável. Vamos preservar o nosso planeta Terra e promover desenvolvimento de maneira sustentável”, disse. Informações da Agência Brasil.

PGR denuncia Paulo Maluf ao Supremo Tribunal Federal por falsidade ideológica

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) por falsidade ideológica, em razão de irregularidades na prestação de contas da campanha de 2010. Após Maluf ter as contas rejeitadas pela Justiça Eleitoral, o caso chegou ao Supremo - o inquérito foi aberto no início de 2013 - para investigar se Maluf cometeu crime de "caixa 2" na campanha. De acordo com a PGR, Maluf teve R$ 168,5 mil de despesas de campanha pagas por empresa pertencente à sua família, a Eucatex. O valor, não declarado, foi usado para custeio de material de campanha. "As notas fiscais indicam, sem sombra de dúvidas, que as despesas pagas pela Eucatex SA custearam a confecção de material de campanha de Paulo Maluf", escreveu Janot, ao denunciar Maluf ao Supremo na última terça-feira (28). Com a denúncia, o Ministério Público formaliza a acusação do deputado perante o STF. Cabe à Corte decidir a partir daí se abre uma ação penal contra o deputado e o torna réu no caso, que está sob relatoria do ministro Luiz Fux. Janot aponta que Maluf, "além de ser o principal beneficiado" dos valores gastos pela empresa em sua campanha, "tinha plena consciência" do que estava sendo praticado e cita que a Eucatex foi utilizada por Maluf para outros "esquemas delitivos". "A alegação de ignorância quanto a um suposto desconhecimento das despesas não tem verossimilhança, uma vez que a Eucatex SA, sabidamente, é uma empresa de propriedade da família do primeiro denunciado (Maluf), pessoa jurídica também utilizada por ele em outros esquemas delitivos que está envolvido, para remessa ilegal de capitais ao exterior, notadamente recursos públicos desviados da Prefeitura de São Paulo", apontou. Procurada, a defesa do deputado não retornou as ligações feitas pela reportagem.

sábado, 1 de novembro de 2014

Camilo Santana fala da trajetória, de família e do futuro governo

Camilo Santana entrou na política em 2000 como candidato, na época pelo PSB, à prefeitura de Barbalha, no Cariri, a 553 km de Fortaleza. Perdeu, voltou a ser derrotado quatro anos depois, em nova tentativa, já no PT, e, no momento em que se prepara para tomar posse no cargo de governador do Estado, faz uso dos episódios que sempre vai para as disputas sabendo que pode ganhar ou perder.

A principal referência dele na vida pública é o pai, ex-deputado Eudoro Santana, a quem viu ser retirado de casa por militares durante a ditadura, numa cena que o marcou e ainda nos atuais passeia por sua memória. Outro referencial importante para Camilo é o governador que sucederá, Cid Gomes, de quem foi secretário de Desenvolvimento Agrário (primeira gestão) e Cidades (segunda). Único dos quatro filhos de Eudoro e dona Ermengarda a optar pela vida pública, admite que enfrentou a resistência da avó, morta dois anos atrás, para trilhar o caminho da política. Ela alertava para o risco de se expor a ataques na vida particular, exatamente como diz ter sofrido nesta campanha.

Camilo recebeu O POVO em seu apartamento, na manhã da última quarta-feira, para conversa que tem seus trechos principais editados a seguir:
 
O POVO - O senhor lembra do momento em que foi comunicado pelo governador de que seria o candidato?
Camilo Santana - Foi no sábado, pela manhã (28 de junho). Ele me ligou e disse que o conjunto de partidos havia me indicado para representá-lo na disputa...


OP - E disse “sim” de imediato? Camilo - Perguntei se estava à altura de cumprir a missão. Porque, realmente, era uma coisa muito forte, até pelo fato de existirem vários outros candidatos se colocando à disposição. É um desprendimento, porque não era alguém do partido dele. Demonstração de que o projeto não é uma coisa só partidária ou só individual.
 

OP - No dia em que foi lançada sua candidatura, o senhor lembrou do dia em que militares chegaram à sua casa para levar preso seu pai, Eudoro Santana, na época da ditadura. De que forma esse episódio e a trajetória dele lhe marcaram?
Camilo - Papai é, pra mim, um exemplo, uma referência de vida, de política. Papai era funcionário da Petrobras, morava lá na Bahia, foi demitido na época da ditadura, perseguido. Voltou a morar no Cariri porque meus avós conseguiram um emprego para ele lá. Ele passou 15 ou foi 18 dias fora. Minha mãe estava grávida. Lembro da volta dele. Aquilo tudo me marcou, tinha sete, oito anos.

OP - O senhor consegue entender porque é o único dos quatro filhos que seguiu a vocação política do pai?
Camilo - A atuação política de cada um pode ser vista de várias formas. Meu irmão, Tiago, contribui muito com a arte pela maneira como olha o mundo, como fotógrafo. A minha irmã, apesar de morar fora do País, também. Claro que o ramo mais árduo é esse, de seguir carreira pública, porque a política partidária é muito desacreditada. Minha avó sempre dizia para eu não entrar nessa vida. Dizia que iriam me chamar de ladrão. E eu dizia: “Vovó, se não existirem pessoas dispostas a construir a diferença, como vamos mudar?”
 
OP – O senhor falou da importância do Eudoro para a vida pública, mas a dona Ermengarda, sua mãe, também tem sido relevante.
Camilo – Claro, inclusive porque mamãe é mais política do que o papai. Ela foi vice-prefeita de Barbalha, começou um trabalho importante de organização das comunidades, das associações, de base mesmo. Apesar de ter resistido muito à ideia de ser candidata. Chegou a chorar.

OP – O governador Cid, quando eleito, trabalhou para atrair a oposição. O senhor pretende conversar com o PMDB e com o resto da oposição?
Camilo – Nós temos um lado. Fomos eleitos por um lado. Quando falo de unir o Ceará, falo do ponto de vista de todos os cearenses. Faremos um governo de muito diálogo com setores da sociedade. Isso não quer dizer que não vá dialogar com os outros partidos.
 
OP – Houve uma fissura na antiga base do governo, com a saída do PMDB. O senhor está preparado para ter uma oposição maior?
Camilo – Oposição é importante. Até para se fazer uma autoavaliação. Espero que seja uma oposição responsável, propositiva. Não oposição raivosa por conta da derrota eleitoral. Oposição é parte da democracia. Não na perspectiva de disputa de poder ou espaço, mas na busca do melhor pro Ceará.

OP – O senhor falou, após eleito, em retomar o diálogo com os policiais. Na opinião do senhor, vai ser mais fácil do que seria para o governador Cid Gomes retomar esse diálogo, em função do desgaste que houve?
Camilo – É um novo governo. E, repeti isso diversas vezes, o papel da Polícia é garantir a segurança do povo do. Vou saber respeitar, dialogar. Agora, não vou admitir que não se garanta cumprir a missão que o povo espera.
 
OP – Há reclamações quanto a punições que têm ocorrido em relação a policiais. O senhor fala que não vai transigir em relação a garantir a segurança da população. Há margem para rever as punições?
Camilo – Em todas as áreas há excessos, desvios. Vamos exigir que a lei, a hierarquia, a disciplina sejam cumpridas. Isso não quer dizer que não vamos dialogar. 

OP – Outro desafio será pacificar o PT. Houve segmentos importantes, dos quais faz parte a ex-prefeita Luizianne Lins, que não reconheceram a candidatura como candidatura do PT. Como o senhor pretende atuar?
Camilo – Eu não gosto muito de falar do passado, mas a minha decepção é que essa parte do PT não pensou no projeto político. Todo mundo sabe quem é Camilo, todo mundo sabe de minha história. Fui militante com a Luizianne na universidade. Acho que a política e a vida partidária não podem ser feitas em nome ou de uma tendência ou de interesses individuais. Quando foi decidido que o Elmano (de Freitas) seria candidato (a prefeito de Fortaleza, em 2012), respeitei, fui pra campanha. Isso é ético dentro da política. Mas vamos falar de futuro.
 
OP – O senhor vai tomar alguma iniciativa, ou já tomou?
Camilo – Eu liguei para a Luizianne quando ela foi eleita. Para parabenizá-la. Pedi o apoio no segundo turno. Não tenho problema. Espero que o partido, como me deu apoio na decisão do diretório estadual, possa também dar o suporte necessário (no governo). 

OP – Como o senhor se sente com o PT, no âmbito municipal, fazendo oposição à gestão Roberto Cláudio?
Camilo – Tem vários municípios do Ceará onde o PT é oposição ao Pros, onde o PT briga com o PMDB. Essa coisa é muito específica. Vamos trabalhar essa questão ainda.
 
OP – O fato de estar assim hoje não quer dizer que vai estar assim em 2016?
Camilo – Só daqui a dois anos. O prefeito Roberto Cláudio me apoiou, apoiou a presidenta Dilma. Isso não é importante para o projeto do PT nacional? Não existiu uma campanha, talvez, no Brasil que fosse mais vinculado o governador, o prefeito da Capital e a presidenta Dilma do que a nossa aqui.

OP – Vou comparar o estilo mais pessoal. O senhor diria que os fotógrafos vão sentir falta do estilo Cid Gomes, com o senhor? Como no mergulho que ele deu nos braços da multidão durante a festa do primeiro turno? O senhor é mais contido que ele.
Camilo – Isso é bom... Pode ser que eu surpreenda mais ainda (risos).


Extras


Filhos
Os dois filhos, de 4 e 2 anos,nem ai para a gente estranha presente, foram para os braços do pai. No meio da entrevista. 

Segurança
O prédio onde mora Camilo Santana, em Fortaleza, já está com segurança reforçada por homens da Casa Militar. 

Bom humor
Charges dos jornais nas quais Camilo aparece decoram a parede da sala do apartamento. Quem cuida da moldura é a mãe, Ermengarda.

Multimídia

Veja vídeos e material extra em

O POVO