São três as razões alegadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para não disputar novamente a Presidência da República em 2014, como quer boa parte da base aliada do governo federal.
A primeira é ter deixado a Presidência, em 1º de janeiro de 2011, com 83% de aprovação popular. Dificilmente repetiria a façanha, que é um recorde na história política do país, em um novo mandato popular.
O próprio Lula ressalta que fala de 2014. "Em 2018, não sei", disse, antes de viajar para Adis Abeba, na Etiópia, a um amigo, conselheiro político e assíduo interlocutor.
O segundo motivo alegado pelo ex-presidente é a relação "muito forte" que mantém com Dilma Rousseff, classificada como uma relação quase de "pai e filha".
Os dois trocam figurinhas sempre, por telefone e pessoalmente, e não apenas nas reuniões em São Paulo.
Lula também acredita que Dilma hoje corre numa faixa própria.
O terceiro aspecto ressaltado por Lula, com relação direta com o primeiro, é que a situação do governo não é a de "salve-se quem puder". Em resumo, "o projeto" não está em jogo, como Lula chama o projeto do PT de ficar no poder até 2018.
Como o projeto não está em jogo, na avaliação de Lula e do núcleo mais restrito do governo federal, não há razão para a mudança do ministério nem da política econômica exercitada pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).
São destacados os números mais favoráveis: a taxa de desemprego em baixa (5,8%), o aumento das receitas e até a desvalorização do real - se é problema para a balança comercial, tem como contrapartida a valorização de um ativo, as reservas cambiais.
Outro motivo para Dilma descartar a mudança do ministro da Fazenda, pelo menos por enquanto: quem determina os rumos da política econômica é ela, a presidente da República.
Dilma está convencida de que as pressões pela mudança são justamente dos setores que mais perderam com a política de redução da taxa de juros, ou seja, o sistema financeiro, os bancos.
Mas o governo, em Brasília ou nas discussões de São Paulo, reconhece que não deu a devida importância a sinais que há meses eram emitidos pelas ruas.
As pesquisas recebidas pelo Planalto apontavam insatisfação da população com moradia, mobilidade urbana e banda larga.
O governo cuidou da moradia com o programa Minha Casa, Minha Vida. A implantação da banda larga já começou e é até uma exigência de curto prazo, devido à realização da Copa do Mundo de 2014, evento bem maior que a Copa das Confederações.
Já na eleição para a Prefeitura de São Paulo, ano passado, a questão da mobilidade urbana, estopim das revoltas de junho, demonstrava ser um problema latente nas grandes cidades.
Prova disso seria o fato de o candidato favorito, Celso Russomano, derreter nas pesquisas, ao dar uma declaração que sugeria falta de conhecimento técnico para o assunto (propunha fixar a tarifa do ônibus pela distância percorrida).
De tudo o que o governo tem discutido sobre transporte público e mobilidade urbana, a síntese pode ser feita em duas palavras: mais subsídios. Valor

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