A denúncia de crime eleitoral foi aceita pela Justiça, que emitiu mandados de busca e apreensão na farmácia e no gabinete de Orlandinho, onde, de acordo com o órgão, foram apreendidas "provas robustas" que embasaram a denúncia por crime eleitoral. A ação tramita em sigilo na 98ª Zona Eleitoral e foi gerada a partir da prisão, em julho, de um homem acusado de vender supostas facilidades para interessados no programa habitacional do governo federal.
Após permanecer 14 dias preso, o marceneiro Anderson Magalhães Jesus confessou ao MP que realizava a cobrança ilegal e denunciou o vice-prefeito, gestor do Minha Casa, Minha Vida no município, por utilizar o programa com objetivos eleitorais, atuando como garantidor da negociação.De acordo com a versão do marceneiro, Orlandinho teria lhe proposto, como oferta de trabalho, a intermediação para a liberação das casas do programa.
Em entrevista ao Terra , Jesus disse que o vice-prefeito o incumbiu de procurar pessoas "com bom número de votos" para se habilitarem no programa. "Eu procurava as pessoas indicadas e as levava até o gabinete, onde o Orlandinho dizia que era responsável pelo programa na cidade e garantia que elas seriam escolhidas. Como fui um dos habilitados no programa, ele dizia para os interessados que ele havia me ajudado, o que não ocorreu. Quando saía da prefeitura, eu cobrava uma 'corretagem' pelo serviço", afirmou.
Segundo a polícia, Jesus cobrava taxas que variavam de R$ 600 a R$ 3 mil, e eram parceladas em até dez vezes. Cheques com os pagamentos foram apreendidos pelos policiais. Algumas das vítimas que não foram selecionadas pelo programa denunciaram o pagamento na delegacia. O marceneiro acusado e a filha do vice-prefeito estão entre os contemplados com casas do "Minha Casa, Minha Vida". O programa do governo federal prevê a construção de 269 unidades habitacionais no município ao custo de R$ 13,7 milhões. Segundo as regras do governo, a prioridade de atendimento é para famílias cuja renda de todos os membros fique entre R$ 750 e R$ 1,4 mil mensal.
Candidato nega envolvimento no esquema
Para o Terra, o candidato Orlandinho da Farmácia negou as acusações. Segundo ele, as denúncias são "armação política". Disse que o marceneiro o procurou em seu gabinete para saber se haviam casas disponíveis para alguns conhecidos. "Ele foi habilitado pelo programa e me falou que teria outros interessados. Por isso que eu o recebi algumas vezes na prefeitura ou na farmácia. Quando fiquei sabendo que ele cobrava, falei para as pessoas procurarem a polícia", informou.
Sobre as provas que teriam sido encontradas em seu gabinete, Orlandinho afirmou que foram apreendidos computadores em seu gabinete. "Quando fui fazer a campanha, o gabinete passou a ser usado pelo assessor de imprensa da prefeitura, que também trabalhava eventualmente para a campanha. Ele utilizou o computador para enviar material informativo sobre a campanha. Isso foi um erro e ele já foi demitido da prefeitura", disse o candidato. Além da apreensão dos computadores, o MP diz ter encontrados fotos e documentos que comprovariam prática de crime eleitoral.
O candidato do PSDB também falou sobre sua filha, contemplada com uma moradia pelo programa. "Ela é solteira, mas vai se casar e atendeu todas as exigências. Além isso, faltou interessados na procura. Ela até estaria disposta a esperar uma segunda chamada, mas para o inicio da construção era necessário um número mínimo de pessoas", explicou.
Terra