terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O protagonismo de Tasso e de Eunício

O governador Cid Gomes (Pros) é o protagonista óbvio de qualquer eleição desde 2006. Sem ser candidato, serão dele as principais decisões que vierem a ser tomadas para o próximo pleito. Contudo, esse protagonismo será dividido com outros dois personagens, cujas escolhas nos próximos meses indicarão se teremos apenas mais um passeio eleitoral ou se a disputa será acirrada. Com a chegada do governador ao poder, em 2007, ele tem conduzido as costuras de modo a chegar às convenções com a eleição praticamente já resolvida. Os acordos acomodam as disputas e atendem aos interesses de praticamente todas as principais forças. Salvo acidentes de percurso – não propriamente comuns – a eleição está resolvida antes mesmo de o eleitor precisar se manifestar. O modus operandi não deixa de ser legítimo, porém, é também péssimo para a democracia, a antítese do que deveria ser a construção política. Mas é, igualmente, do jogo. Desse jogo, ao menos. E é isso que pode ser diferente na eleição deste ano.

TASSO CONDUZ A OPOSIÇÃO
Tasso Jereissati (PSDB) é o ator central nas movimentações do bloco de oposição que começa a se formar. Como mostra hoje o jornalista Bruno Pontes, é o PSDB quem dá a musculatura infraestrutural e o suporte técnico para preparar a candidatura e o programa. Para muito além disso, se ele aceitar concorrer ao Senado, poderá alavancar o candidato a governador que estiver a seu lado a patamares interessantes. Basta lembrar de 2010, quando Marcos Cals (hoje no Solidariedade) surpreendeu ao tirar de Lúcio Alcântara (PR) o segundo lugar, com vantagem superior a 100 mil votos. Em Fortaleza, teve 20% dos votos. 


Dois anos depois, candidato a prefeito e com Tasso como mero eleitor, teve 2,43%. A decisão não é fácil para o ex-senador. Até 2010, não conhecera uma derrota eleitoral sequer. Aquele que vier a apoiar tem chances remotas de ser eleito para o governo, por mais que faça boa figura. E, desde a redemocratização, o governador eleito sempre conseguiu levar juntos os senadores que tinha ao seu lado. Então, a chance de Tasso vir a perder de novo não é nada descartável. Caso se disponha concorrer, dará cores diferentes à eleição.


Mas fará isso colocando o próprio pescoço em jogo e com risco concreto de ir para o sacrifício? Tenho dúvidas se ainda tem idade e disposição para tal.

O PAPEL DE EUNÍCIO

Outro protagonista é Eunício Oliveira. O senador sabe e gosta de fazer política, transita como poucos nos bastidores, tem muitas relações e poucas arestas, possui aliados extremamente influentes e – fator em que se sobressai acima de praticamente todos os seus pares – tem capacidade sobrenormal de angariar recursos e estrutura para campanha. Teve papel crucial nessa seara em todas as campanhas de Cid Gomes ao governo, na reeleição de Luizianne Lins (PT) e na eleição de Roberto Cláudio (Pros). Se resolver concorrer, fará estragos nada desprezíveis. Tem potencial para fazer desta a eleição mais acirrada desde 2002 – o que nem vem a ser grande coisa, pois desde então Cid tem nadado de braçada.


Porém, nem Tasso nem Eunício, até agora, decidiram se candidatar. O primeiro hesita e o segundo ainda pode ser atraído por Cid, a depender dos acertos.

POTENCIAL E FRAQUEZA
O senador Eunício Oliveira tem alguns atributos que costumam estar ao lado dos favoritos nas campanhas. Poderá fazer com Cid aquilo que o próprio governador fez com Lúcio Alcântara em 2006: embora o então chefe do Executivo mantivesse a adesão de muitos aliados no Interior, vários deles namoravam o principal antagonista e, ao sentir os ventos mudarem, trocaram de barco. O problema para ele é justamente a capilaridade pelo Estado. Embora considerável, não se compara à de quem detém a máquina. E, em 2012, perdeu redutos importantes, inclusive sua terra natal, Lavras da Mangabeira.

Érico Firmo/O Povo

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