O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela completará
seus 95 anos na quinta-feira em um hospital de Pretória, onde está
hospitalizado desde 22 de junho em estado crítico, enquanto o mundo
inteiro se prepara para homenageá-lo celebrando o "Mandela Day".
Desde 2010, a ONU comemora em 18 de julho o Dia
internacional em homenagem ao herói da luta anti-apartheid, retomando
uma ideia nascida na África do Sul. Cada cidadão do mundo é chamado a
dedicar simbolicamente 67 minutos de seu tempo à serviço da
coletividade, em memória aos 67 anos que Mandela dedicou à luta pela
igualdade racial.
Na África do Sul, uma associação vai varrer as ruas,
voluntários vão pintar escolas, crianças de todo o país vão cantar
"Feliz aniversário" às 8h (3h no horário de Brasília), e cada político
será fotografado em uma obra de caridade. Este aniversário será
especialmente emocionante, com o ícone mundial da reconciliação racial
entre a vida e a morte há semanas.
As últimas notícias parecem um pouco mais otimistas.
Alguns familiares têm dito que ele "responde ao tratamento" e que
reconhece as visitas. Sua esposa Graça Machel disse nesta quarta-feira
estar "um pouco menos ansiosa" que na semana passada.
"Espero que mesmo se ele não puder aproveitar seu 95º aniversário, que esteja bem para seu 96º", declarou à AFP seu amigo de longa data George Bizos, advogado que o defender nos tribunais do apartheid.
Para os familiares, o aniversário também será marcado
pela recente disputa envolvendo o neto mais velho de Mandela, que foi
levado à Justiça por outros parentes por ter transferido, sem
autorização, três lápides de três filhos do ex-presidente para o seu
próprio vilarejo.
Mandla Mandela é acusado de querer criar um centro
turístico em seu vilarejo com o nome de Mandela. Acuado, ele
contra-atacou revelando segredos de família, durante uma coletiva de
imprensa. "Era algo que não gostaríamos que fosse revelado
publicamente", declarou a neta do herói nacional, Ndileka, em uma
entrevista publicada nesta quarta-feira pela BBC.
O Mandela Day se tornou um dia importante para a maioria
dos sul-africanos, e uma recente pesquisa revelou que 89% dos jovens
planejam participar de ações de caridade. Mesmo o presidente Jacob Zuma,
em nome da reconciliação iniciada por Mandela, entregará a chave de
casas populares a famílias brancas pobres.
Mandela, que permaneceu 27 anos na prisão pelo regime
segregacionista do apartheid, foi libertado sem uma palavra de vingança.
Libertado em 1990, ele negociou com o poder uma transição doce para a
democracia. Uma vez presidente, em 1994, nunca tentou humilhar ou
desfavorecer a comunidade branca.
"Nunca na história da Humanidade, alguém foi reconhecido
universalmente ainda em vida como a encarnação da magnanimidade e da
reconciliação", declarou o ex-arcebispo anglicano Desmond Tutu, também
prêmio Nobel da Paz por sua resistência ao apartheid. Terra

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