Em discurso da tribuna, contestado pela oposição, o senador Humberto Costa (PT-PE) classificou de "terrorismo econômico e político" as avaliações pessimistas do cenário econômico brasileiro, feitas por setores da oposição e da mídia. Além de responder ao petista, o líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), criticou as declarações da presidente Dilma Rousseff no lançamento do programa Minha Casa Melhor, comparando a oposição ao "Velho do Restelo", personagem pessimista da obra "Os Lusíadas", de Luís de Camões.
O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e provável candidato a presidente em 2014, não subiu à tribuna, mas disse, em entrevista, que Dilma está ficando "nervosa" por causa da queda nas pesquisas de intenção de voto: "A presidente não pode deixar seu humor ser afetado pelas pesquisas. É preciso que ela tenha serenidade para enfrentar os problemas que são reais e estão afligindo o país. Não deve deixar se impactar tanto só por uma simples pesquisa. Não serão ataques fortuitos e fora do tom à oposição que vão resolver os problemas do descontrole da inflação."
Já Aloysio Nunes Ferreira falou da tribuna. "A presidente da República nos atribui a condição de Velhos do Restelo. (...) O Velho do Restelo é um personagem criado pelo poeta Camões, que, assistindo à partida das naus no rumo das Índias, na viagem liderada por Vasco da Gama (...), fazia uma espécie de imprecação, alertando para os perigos da travessia. (...) A presidente Dilma, infelizmente, está longe de ser um Vasco da Gama, de ter as qualidades de um comandante. Ela se contenta a uma navegação de cabotagem: vai de um ponto a outro na costa, às vezes se aventura a uma ilha e, muitas vezes, passa de raspão pelos recifes que bordejam o litoral", disse o tucano.
Para o tucano, a oposição não tem instrumentos para criar um clima de pessimismo, contra "a propaganda oficial desenfreada" do governo. Ele aponta Dilma como responsável pela situação do país, pela falta de liderança. De qualquer forma, considerou a declaração da presidente, sobre os "Velhos do Restelo", melhor do que a de Humberto Costa, que comparou a oposição a terroristas.
Nunes Ferreira afirmou que a intervenção do governo na economia é "desastrada" e provocou dificuldades de caixa e de investimento, além de derrubar as ações da Petrobras e da Eletrobras. Disse que o país caminha para uma situação de "desequilíbrio das contas externas".
Pouco antes, da tribuna, Humberto Costa afirmara que "esses vaticínios terroristas não vão abalar a população brasileira, porque, se ela [a população] olha para o jornal, vê a catástrofe iminente, mas, quando olha para a vida dela, vê que tem a sua casa, o seu emprego e que os seus filhos estão na escola", disse.
O petista elogiou as afirmações de Dilma de que aqueles que dizem que a oposição está descontrolada "estão agindo de forma leviana, do ponto de vista político". Para Costa, não há evidência de volta da inflação e a presidente respondeu "de forma apropriada (...) àqueles que hoje formam um verdadeiro conjunto de pessoas, de instituições de órgãos que procuram vaticinar para o Brasil uma situação de crise incontrolável e uma incapacidade do governo de lidar com essa crise".
Costa afirmou que querem criar um "clima artificial de crise, de descontrole". Lembrou que o aumento do preço do tomate foi usado como símbolo da inflação e agora que o preço caiu os "videntes da catástrofe não vieram para dizer que estavam errados".
O presidente e líder do DEM, José Agripino (RN), também subiu à tribuna para contestar Dilma e Humberto Costa. "Em vez de fazer um comunicado ao país, a presidente agulhou a oposição, como se nós torcêssemos pelo quanto melhor pior", disse.
Agripino disse, ainda, que o governo é gastador, citou a criação do 39º ministério e afirmou já não ter "esperanças de que esse governo desaparelhe o Estado, de que evolua para a meritocracia e que o país tenha a coragem de fazer, como Portugal fez, de cortar na carne para ressurgir das cinzas". Valor
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