quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O Brasil com os pés fincados no atraso

Qualquer pesquisa acerca das instituições da democracia chegará à mesma conclusão: o brasileiro não confia no parlamento, não confia no Poder Executivo, na chefe do Poder Executivo, nos partidos e nos políticos em geral. Portanto, há uma crise de confiança. É um dado que promove a seguinte questão: como instituições e pessoas não confiáveis serão capazes de mudar o rumo dos acontecimentos?

A crise de credibilidade não ocorre apenas por imperícia administrativa ou em função do lamaçal ético. É evidente que o modelo político do País entrou em profundo declínio. Novamente, a mesma questão: os alvos da justificada desconfiança são capazes de fazer as mudanças necessárias no sistema? É muito provável que não. É um quadro que fratura o contrato social do País.

É evidente que o papel do PT nesse caldo é relevante. Afinal, o partido chegou ao poder ancorado no ideal da mudança dos costumes políticos. Na oposição, passou anos a fio atacando a cultura política vigente e se colocando como a vestal que faria raiar um novo conjunto de comportamentos. No fim das contas, pelo contrário. Aprofundados, os vícios tornaram-se um metódico meio de se manter no poder e, para alguns, enriquecer.

Como estarão a política e a economia dentro dos próximos 30 dias? A falta de respostas claras é outro componente a colocar mais lenha e combustível na fogueira da crise de credibilidade. Quem acompanhou com atenção a fala da presidente na volta dos trabalhos legislativos ouviu apenas uma certeza objetiva: o Governo vai apresentar a proposta da CPMF.

Vai apresentar, mas não há nada que garanta que a medida será aprovada pelo Congresso. Porém, é possível extrair uma certeza dentro desse processo: o Governo vai jogar suas fichas para conquistar apoios. Que fichas? O de sempre: aquilo que o PT na oposição tratava como fisiologismo, uma das grandes velharias que persistem no País.
 
A palavra “fisiologismo” é chave para entender como se faz política no Brasil. A definição do termo se relaciona com “clientelismo” e “patrimonialismo”, dois outros termos profundamente estudados pelos cientistas políticos que remetem à formação e à fundação do País.

O que é fisiologismo (por Said Farhat): “A palavra fisiologismo é empregada, em política, em sentido sempre depreciativo. Indica a ação dos políticos, em geral, e dos parlamentares, em particular, condicionada e determinada, principal ou exclusivamente, pelos seus interesses pessoais ou pelos de sua clientela. Não é preciso dizer que, nem sempre ou quase nunca, tais interesses estão amparados pela ética, a lei, a moral ou os costumes”.

Mais: “Fosse possível fazer uma comparação, poderia concluir-se que a palavra ‘fisiologismo’ tem sentido ainda mais pejorativo que ‘clientelismo’, dado o componente de interesses pessoais mais presente no primeiro que no segundo”.( Fábio Campos/O Povo)

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