quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A injustificável folga do Congresso Nacional

É básico à democracia representativa que nela funcione um Congresso Nacional acreditado, que se faça respeitar pela sociedade como fórum adequado de debate sobre os grandes problemas do País. Necessidade que se torna ainda maior em momentos de crise, como esta de alta complexidade que o Brasil atual vivencia, exigindo urgência na busca das soluções possíveis.

Neste contexto, parece incompreensível a opção dos comandos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal por postergarem o reinício efetivo dos trabalhos no parlamento após o período de Carnaval, como se a situação não estivesse a exigir, no sentido contrário, que o ritmo seja acelerado.

Configura-se um erro político de proporções gigantescas ampliar a folga dos parlamentares, exigindo que retornem às atividades normais, que envolvem as importantes sessões em plenário de debates e votações, apenas no dia 16, a próxima terça-feira. Uma atitude que se, por um lado, expõe descompromisso com a busca efetiva de saídas para a crise, ao mesmo tempo reforça argumentos críticos a um Congresso já complicado pelo fato de vários dos seus integrantes, a começar pelos presidentes das duas Casas – Renan Calheiros, pelo Senado, e Eduardo Cunha, pela Câmara, ambos do PMDB –, enfrentarem sérias acusações e, até, terem os nomes envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato.

O momento brasileiro exige pressa, e cada dia desperdiçado representa mais custo social e econômico e menos perspectiva de recolocar o País no trilho da normalidade com a rapidez necessária. Claro que se deve ponderar que o mandado parlamentar está longe de se resumir apenas àquilo que acontece nas sessões, aliás, espaço político também desperdiçado mais recentemente por meio de debates pouco frutíferos quando mensurados pelo que resultaram em termos de mudanças efetivas na vida dos cidadãos. Fala-se muito e vota-se pouco, e nem sempre com a qualidade suficiente para ajudar na superação dos desafios que a dura realidade impõe.

A retomada da credibilidade pelo Congresso Nacional é uma condição necessária para superação da crise, que apresenta um fundamento político de forte influência. Sem que o ambiente da política tenha restabelecida a normalidade de uma discussão que envolva governo e oposição, mas preserve a linha do interesse público comum, será impossível à economia dar conta sozinha do encaminhamento das soluções. 

O POVO

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