quarta-feira, 4 de março de 2015

A Petrobras dos sonhos ao pesadelo da realidade

Durante os últimos anos, foi oferecido ao povo brasileiro o sonho de uma Petrobras portentosa. Uma grande máquina que seria a propulsora do desenvolvimento brasileiro. Em setembro de 2008, no ato que marcou a primeira extração simbólica do pré-sal, o então presidente Lula da Silva projetou investimentos superiores a R$ 2 trilhões na economia do Brasil puxados pela produção da estatal. O sonho se transforma em pesadelo. Na época, estava em vigoroso funcionamento o esquema de corrupção que indigna o Brasil. Porém, não é possível sustentar que foi a tomada de assalto da Petrobras por maus brasileiros a responsável pela derrocada da nossa mais importante estatal. Os 3% da corrupção não seriam capazes de levar a Petrobras à situação que hoje se verifica.
Os acontecimentos sugerem que o complexo quadro em que se encontra a Petrobras é consequência de erros administrativos em série. Premeditados ou não. Tais erros nasceram da visão equivocada de que a Petrobras, empresa com ações nas bolsas de valores, deveria ser usada como mecanismo de política econômica e até de política ideológica. Vide a complacência do Palácio do Planalto diante da decisão do Governo boliviano de ocupar militarmente e nacionalizar unidades da Petrobras naquele País, em 2006.
O drama da Petrobras parece estar no começo. A dívida da estatal explodiu enquanto seu valor de mercado encolheu. A empresa não consegue realizar e divulgar seu balanço. As ações movidas em cortes de Justiça dos EUA apenas tiveram suas primeiras etapas de tramitação. E agora, com baixa capacidade de investimento e sem crédito no mercado, a Petrobras resolve se desfazer de ativos. Sim, é privatização na bacia das almas.
No campo da economia e da política, não se vislumbra saída no curto prazo. A crise da Petrobras não é fato isolado e forma delicado conjunto com a crise na economia e na política. Esta vai se agravar a partir da CPI da estatal e da lista de coroados congressistas que teriam se beneficiado com o propinoduto. São circunstâncias interagindo perigosamente. O bom senso e a capacidade de ponderação são qualidades fundamentais nesse momento.
O POVO

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