terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Cid Gomes bate boca com docentes e ameaça levar Medicina para a Unilab

Ainda não há um acordo sobre o déficit atual de professores na Universidade Estadual do Ceará (Uece). Enquanto reitoria e docentes afirmam que, no mínimo, 166 vagas precisam ser abertas de forma emergencial, o governador Cid Gomes questiona o cumprimento da carga horária dos professores e diz que, antes do concurso público, “é preciso uma reflexão sobre essa questão”. Durante embates com professores e alunos, Cid defendeu a mudança do curso de Medicina para outra universidade e a substituição de cursos existentes.

O encontro aconteceu durante o Seminário “O Papel das Universidades Estaduais frente ao Desenvolvimento do Ceará” e deverá definir pontos de investimento de R$ 10 milhões em política estudantil, além da definição de data e número de vagas dos concursos para docentes e servidores. O primeiro dia do evento, que prossegue hoje, foi marcado por ironias, discussões, debates e vaias. Enquanto Cid falava sobre a dificuldade de obter recursos, o público o questionava sobre gastos com o Acquário ou o buffet servido em eventos do Governo.

Ironizando e disparando frases como: “Nunca vi, em nenhum lugar no mundo, educação ser uma vocação econômica”, “Há lugares ricos e pobres de espírito. E há lugares, como o Ceará, que é pobre e rico de criação” e “Vocês não podem pensar a universidade só para o umbigo de vocês”, Cid Gomes questionou o tempo dedicado por professores à sala de aula e propôs mudanças. “Na Uva (Universidade Estadual Vale do Acaraú), das 880 horas do semestre, 180 são em aula. Na Urca (Universidade Regional do Cariri) são 308. Precisamos padronizar esse tempo em todas as universidades, inclusive na Uece”, afirmou.
Propostas
A proposta do governador é dedicação de 60% das horas de cada professor para aulas, sendo 45% em sala e 15% para planejamento, e os 40% restantes seriam destinados aos projetos de pesquisa e extensão. Ele defendeu, ainda, que o curso de Medicina fosse transferido para a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) - justificando que professores não foram contratados para o curso da Uece - e a substituição de cursos já existentes. “Eu sugiro que possamos ver o que é possível substituir, de acordo com a necessidade atual. Robótica, por exemplo, seria um bom curso”, destacou.

Segundo a presidente do Sinduece, Elda Maciel, o governador “talvez não conheça a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional” que, segundo ela, expõe uma distribuição de carga horária diferente da mencionada pelo gestor. “A maioria dos professores passa das 40 horas/aula semanais. Não sei se o governador diz isso de má fé ou porque está desinformado”, disse. 

O POVO

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