quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Presidente da FCF, Carmélio é acusado de estelionato pelo MPE



Às vésperas da eleição para a nova diretoria da Federação Cearense de Futebol (FCF), prevista para amanhã, começam a eclodir denúncias contra a cartolagem cearense que vão de encontro ao tal conceito de “ficha limpa”. A mais recente chegou ontem a O Estado e acusa o atual presidente e candidato à reeleição Mauro Carmélio dos crimes de estelionato, apropriação indébita e falsificação de documentos públicos e privados. Carmélio foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPE), ao lado do seu primo José Fares Lopes Neto e de Francisco de Assis Pereira, por crimes contra uma empresa de “factoring” ainda em 2009.
De acordo com inquérito policial citado na denúncia do MPE, o escritório de Mauro Carmélio foi contratado pela empresa ATG Factoring, em 2005, para cobrar de um devedor da empresa 17 cheques sem fundos que totalizavam dívida de mais de R$ 50 mil. O inquérito policial comprovou que Mauro Carmélio e seus cúmplices receberam 15 destes cheques, mas “o escritório sequer passou uma parcela completa recebida ao legítimo credor [a ATG Factoring], tendo entregue apenas a quantia de R$ 1.250”.
A denúncia alega que o escritório de Carmélio teria falsificado um termo de confissão do devedor e, após suposta inadimplência, informado ao seu cliente que havia entrado com ação de execução. O escritório, contudo, apenas forjou a ação, falsificando todos os documentos necessários e apresentando-os ao seu cliente como “provas”, segundo o MPE. Entre as falsificações estava um mandado supostamente assinado pela juíza Maria Iraneide Silva, hoje desembargadora, que negou tal assinatura. Além de tudo, Carmélio e seus parceiros ainda teriam cobrado da ATG Factoring o pagamento das custas do processo que nunca existiu, no valor de cerca de R$ 705.

Em sua defesa, o presidente da FCF alegou ter repassado para Fares Lopes Neto a responsabilidade de realizar as cobranças e que, desde então, não teve qualquer contato com o primo ou com as vítimas do estelionato. O Jornal O Estado ligou insistentemente para o presidente da FCF nesta quarta-feira, mas não foi atendido nem em seu celular particular nem no de sua assessoria.

Mauro Carmélio concorre à reeleição na Federação Cearesne de Futebol. Ele encabeça a chapa “Continuando a nova história”, tendo Eudes Bringel como candidato a vice-presidente. A chapa conta com o apoio dos maiores clubes do Estado, como Ceará, Fortaleza, Ferroviário, Guarani de Juazeiro e Horizonte. A chapa de oposição é encabeçada por Idemar Citó, que tem Valmir Araújo como vice.
Denúncias em 2012
Mauro Carmélio foi alvo de sérias denúncias em março de 2012, apresentadas por seu atual opositor nas eleições de amanhã, deputado estadual e vice-presidente da FCF Idemar Citó. Segundo ele, já havia, naquela época, indícios de desvio de dinheiro na FCF e até combinação de resultados para beneficiar apostadores. O deputado disse, à época, que a Federação promovia um esquema de venda de cortesias a cambistas para partidas do Campeonato Cearense. Em resposta, a FCF repudiou as declarações de Citó, a quem chamou de “desinformado, claramente ávido pelo poder”. “[Idemar Citó] levianamente acusou aqueles que fazem a FCF sem nenhuma prova ou indício de prova”, rebateu.

Também em 2012, Mauro Carmélio causou polêmica ao apoiar veementemente o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que renunciaria dias depois em meio a uma enxurrada de denúncias de corrupção. Em entrevista ao Jornal O Estado, Carmélio revelou os motivos que o fizeram apoiar Teixeira: “O Ricardo é meu amigo e amigo do futebol cearense. Ele está nos apoiando na nossa administração e, você sabe, amigo não tem defeito”.

O Estado CE

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