sábado, 26 de janeiro de 2013

Quadra de chuvas deve ficar abaixo da média no Ceará em 2013

 “O quadro é preocupante”. Foi a afirmação mais objetiva com que o presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio, resumiu o novo prognóstico climático para os próximos três meses no Ceará: 45% de probabilidade de chover abaixo da média, 35% de chover na média e 20% de chover acima da média. Então, a previsão é de 80% de chuva da média para baixo. Os números falam mais quando se somam ao quadro de seca de 2012. Na segunda-feira, começa a entrega de sementes em todo o Estado.

Logo após o anúncio foi realizada reunião extraordinária do Comitê Integrado de Combate à Seca. Numa das medidas práticas consequentes, pode haver redução na disponibilidade de água para alguns perímetros irrigados no interior.

Porque a ciência é exata, mas números de previsões são relativos, é sempre de forma ponderada que o prognóstico de chuvas é anunciado pela Funceme. Grosso modo, os números de 2013 são piores do que no ano passado. Basta perceber que a possibilidade de chover abaixo da média superou a de chover na média histórica. Entretanto, o quadro oferece diversas perspectivas. Uma delas é que pode chover mais do que em 2012 e, ainda assim, corresponder à possibilidade abaixo da média.

Prejuízos
Chovendo pouco, mas de forma bem distribuída, vale mais que chovendo um pouco mais de forma irregular. 

Mas as ponderações não fazem esquecer uma triste realidade: antecipando essa tendência, 2012 foi um dos anos mais secos das últimas três décadas já observadas. Prejuízo na safra, gado morrendo e colapso no abastecimento em diversas regiões.

A nova previsão da Funceme também inaugura uma nova metodologia, baseada em modelos climáticos globais usados no CPTEC, INMET e Funceme, o que permite maiores especificidades no prognóstico da região. “A gente mudou a metodologia para que haja um grau menor de subjetividade”, afirma Eduardo Sávio, que ressaltou a importância, mais do que nunca, de se realizar reuniões do Comitê Integrado de Combate à Seca. A Funceme atualizará, mês a mês, o prognóstico apontado.

Uso da água
A previsão de poucas chuvas, portanto com tendência a uma nova seca, fez subir o alerta na Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O efeito prático será uma convocação dos perímetros irrigados quanto ao uso racional da água, especialmente onde as reservas estão mais baixas. Um dos principais pontos é a Bacia do Curu, que está com apenas 22% de reserva hídrica para atender abastecimento humano e agricultura. 

“Vamos pedir maior inteligência dos usos”, afirma o coordenador Rennys Frota. Ele assegura que não haverá desabastecimento na Região Metropolitana de Fortaleza e no Complexo Portuário do Pecém. A Cogerh, inclusive, tem hoje um de seus maiores orçamentos, de R$ 60 milhões.

O secretário do Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins, fez o apelo para que os agricultores busquem seus boletos do Seguro Safra nos escritórios da Ematerce ou nas prefeituras municipais. 

Dos 311.682 mil agricultores cadastrados, apenas 39 mil iniciaram os pagamentos das parcelas de R$ 9,50.

Mais informações
Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme)
Escritório em Fortaleza
Telefone: (85) 3101.1117
http://www.funceme.org.br/ 

Açudes reservam apenas 47% do total

Açude Taquara, em Quixeré, está com apenas 30% da capacidade, comprometendo o abastecimento hídrico no município e cidades do entorno. A realidade é comum em muitos reservatórios monitorados pela Cogerh Foto: Jessyca Rodrigues

Fortaleza. Menos de 8 bilhões de metros cúbicos é o que o Ceará tem de reserva nos açudes monitorados pela Cogerh. Representa 47% da atual capacidade de reserva e 30% menos que o volume registrado no mesmo período do ano passado. São 12 bacias hidrográficas com 166 açudes monitorados. Até ontem, 22 açudes possuiam menos de 10% da capacidade, já indicando colapso.

Pertencente ao Município de Pacatuba, na Bacia Metropolitana, o Açude Gavião é o único com mais de 90% da capacidade (está com 93,9%), seguido pelo Curral Velho, em Morada Nova, com 88,93% de sua capacidade. 

No Ceará, 22 dos açudes se encontram abaixo de 10% de sua capacidade, sendo que o açude Madeiro, no Município de Pereiro, se encontra apenas com 3,24% da capacidade total, sendo o de menor reserva. 

A bacia que se encontra em uma das piores situações é a do Curu, composta por 15 Municípios da Zona Norte, com todos os 11 açudes abaixo de 30%. Seu maior reservatório, o de Pentecoste, pertencente ao município de mesmo nome, encontra-se com apenas 19,12% de sua capacidade total. Na Bacia do Acaraú, os dois maiores açudes, Araras e Edson Queiroz, estão com metade da capacidade.

As bacias com alguns dos açudes com maiores níveis de reserva são a Bacia do Alto Jaguaribe e do Salgado, com 11 dos 25 reservatórios que estão acima de 50% da capacidade. Na bacia do Alto Jaguaribe concentram-se alguns dos maiores reservatórios do Estado, como o Orós, com 70,29% de seu total. 

A bacia em pior situação é a do Sertão de Crateús, com apenas 16,8% de sua capacidade. Em ordem crescente vem a do Baixo Jaguaribe e Curu, com 21%; a Bacia do Litoral, com 31%; a do Salgado, com 35%; a Metropolitana, com 35,3%; a Bacia do Coreaú e a do Banabuiú com 40%; Acaraú com 46%.

E ainda a do Médio Jaguaribe, com 54%; Alto Jaguaribe, com 63,7%; e a que se encontra com melhor reserva, a Bacia da Serra da Ibiapaba, com 65%.

Sementes
Quatro milhões de quilos de sementes serão distribuídos a partir de segunda-feira em todo o Estado, pelo Programa Hora de Plantar, do governo estadual, principalmente sementes de milho, feijão e sorgo. 

Cerca de 115 mil agricultores estão aptos a receber as sementes nos 13 depósitos regionais e 150 escritórios regionais da Ematerce. Os outros municípios terão entrega por meio de agentes rurais. “O conselho é ‘choveu, plantou’”, afirma o presidente da Ematerce, José Maria Pontes.

Diário do Nordeste

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