domingo, 23 de dezembro de 2012

O capital político de Dilma e as incertezas de 2013


Os últimos números sobre a avaliação da presidente Dilma Rousseff, indicando que surfa em altíssima popularidade junto à sociedade, revelam aspectos interessantes em relação ao perfil traçado, ainda na campanha, para a gestora do País. Um ponto, e talvez o principal a ser destacado, é que grande parte dessa aceitação se deve ao bom momento da economia, com pleno emprego e, por consequência, geração de renda para as classes menos favorecidas. Outro fator é que se a então chefe da Casa Civil do ex-presidente Lula, antes tida como a gerentona que garantiria ao País a entrada em outro patamar de desenvolvimento, não conseguiu ainda dar mostras concretas dessa característica, ela agora assume papel mais voltado à área social, graças ao aprofundamento de programas voltados a esse foco. 
Mas se a política e a economia se complementam no contexto geral de atendimento das demandas da sociedade, é impossível traçar um quadro para 2013 no Brasil, sem ter em perspectiva as vulnerabilidades a que o atual governo está exposto, principalmente diante às ameaças externas. Nesse sentido, as projeções econômicas apontam que a crise na Zona do Euro seja estabilizada em 2013. Mas isso não é garantia de que os países atingidos pelo mau momento na Europa, voltem imediatamente à rota do crescimento econômico vigoroso em virtude dos elevados níveis de endividamento e pelos programas de ajuste fiscal em curso e, principalmente, pelo risco financeiro ainda presente nas economias mais fragilizadas como Grécia, Espanha, Irlanda, Itália e Portugal, que contemplam elevados índices de desemprego.
Como reflexo disso, no caso do Brasil, não teremos apenas desafios para 2013 e 2014, mas sim para os próximos 30 anos. Por isso mesmo, destaque-se ser de curto prazo a necessidade de retornar o mais rápido possível ao equilíbrio das contas fiscais e à realização de investimentos em áreas estratégicas. É consenso, ainda, que, para termos crescimento vigoroso e sustentável, o governo terá de melhorar a qualidade dos seus gastos correntes, criar condições para o aumento de produtividade, aprimorar os marcos regulatórios, promover uma reforma tributária, investir na educação e na qualificação de mão de obra e criar condições para a efetiva eliminação de gargalos de infraestrutura. Tudo isso, todavia, não é tarefa fácil de ser executada.
A disputa em torno dos royalties do petróleo é um exemplo típico do quanto a economia é influenciada pelo jogo político e de como o vento muda rápido na esfera dos interesses políticos. Prova disso é a indefinição sobre as reformas estruturais que a sociedade anseia há anos para permitir ao Brasil avançar no seu crescimento. O ano que se inicia, além disso, antecede a 2014, quando se sabe que é praticamente morto em termos de decisões. O panorama político, portanto, apesar da popularidade hoje em alta da presidente, não é garantia de um 2013 tranquilo, caso surjam turbulências na economia, reservando muito mais incertezas do que garantias para a presidente Dilma e o Brasil.
O POVO

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