terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Estádios da Copa valem votos no Brasil

Mineirão, Itaquerão, Castelão, Aflitos. Os estádios de futebol prontos ou em obras para a Copa’ 2014 no Brasil não vão servir apenas para receber jogadores e torcedores no Mundial de futebol. Pré-candidatos à Presidência da República nas eleições que acontecerão três meses depois do fim da competição encaram a preparação para os jogos, o que envolve a entrega de estádios modernos, confortáveis e também a infraestrutura para acesso aos campos, como uma oportunidade de conquistar votos.

Mais provável concorrente ao Palácio do Planalto pelo PSDB, o senador Aécio Neves assinou em 25 de janeiro de 2010, quando era governador de Minas Gerais, a autorização para o início das obras do Mineirão. Dois meses depois, entregou o cargo ao vice, Antonio Augusto Anastasia (PSDB), para disputar uma vaga no Senado. Nos últimos dois anos visitou periodicamente o canteiro de obras e participou da inauguração do estádio na sexta-feira.

Mesmo depois de tanto trabalho e de ver o Mineirão ficar pronto no prazo esperado, o senador não ficou de todo satisfeito. Aécio chegou a anunciar no dia 12 que o estádio seria o primeiro a ser inaugurado para a Copa’ 2014. “Fizemos tudo como era planejado. Essa obra começou ainda no meu governo e continuou no governo de Anastasia, seguindo os preços previstos, com o cronograma físico absolutamente cumprido. O estádio está belíssimo, maravilhoso, aconchegante. Estamos todos muito felizes de estar entregando o Mineirão. Ouso dizer, o governador talvez não possa, diplomático como é, mas a grande verdade é que o Mineirão é o primeiro estádio pronto para a Copa do Mundo e para a Copa das Confederações entregue à população”, afirmou, durante uma das últimas visitas às obras do campo da Pampulha.

No entanto, no dia 16, cinco dias antes da festa de entrega do estádio, a presidente Dilma Rousseff (PT), ao lado do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), inaugurou o Castelão, em Fortaleza, que acabou assegurando o “título” de primeiro estádio brasileiro a ficar pronto para o Mundial. Dilma também compareceu à entrega do Mineirão, e a presença da presidente não agradou ao comando do PSDB em Minas. Horas antes de ela chegar, pela manhã, o presidente estadual da legenda, deputado federal Marcus Pestana, ao fazer um balanço de 2012 para a imprensa, questionou, ao ler um texto sobre a inauguração do estádio, o que a presidente tinha a ver com a obra. Um jornalista perguntou se não havia recursos federais no projeto. Pestana afirmou que dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não é da União. “É um empréstimo”, retrucou. Segundo o site do governo federal que monitora a evolução das obras para a Copa, a reforma custou R$ 695 milhões. Do total, R$ 400 milhões foram financiados pela União.

O engajamento de Aécio Neves no projeto do Mineirão alcançou tal proporção que, em 29 de novembro, o senador mobilizou sua assessoria de imprensa para reproduzir decisão da Fifa de realizar no estádio a partida amistosa entre Brasil e França, em 9 de junho de 2013. No comunicado enviado pelo gabinete do senador, Aécio considerou o anúncio como a “a consagração do projeto de reforma do estádio, idealizado pelo governo de Minas”.

Só em 2013 Bem mais atrasadas que as do Mineirão, as obras do Itaquerão, em São Paulo – governado pelo também tucano Geraldo Alckmin –, só começaram em maio do ano passado. A demora impediu que o estádio fosse utilizado na Copa das Confederações, uma preparação para a Copa’2014, realizada um ano antes do Mundial. A previsão é de que o estádio só seja entregue em dezembro de 2013. Alckmin disputou a Presidência da República em 2008 e é outro nome da legenda para a corrida pelo Palácio do Planalto em 2014.

Apesar de ter ficado para trás em relação ao início das obras, o Itaquerão está na dianteira em relação à infraestrutura para acesso ao estádio. Em 28 de novembro, o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, foi de trem até o canteiro de obras e gastou apenas 19 minutos partindo da Estação da Luz, Região Central da capital paulista. Em Belo Horizonte, o transporte dos torcedores será feito pelo chamado BRT, um ônibus especial para utilização em grandes corredores viários.

No único possível front nordestino na disputa pela presidência está o Estádio dos Aflitos, em Recife, Pernambuco, governado por Eduardo Campos (PSB), que mesmo depois de anunciar apoio à reeleição de Dilma Rousseff não perdeu o status de pré-candidato. Sobretudo em caso de perda de prestígio político da atual presidente num eventual novo recrudescimento da crise econômica mundial. 

Como parte de seu portfólio, teria a reforma do Estádio dos Aflitos. Para isso, no entanto, teria que seguir a linha defendida pelo presidente do PSDB de Minas Gerais. Dos R$ 500,2 milhões que serão gastos nas obras do campo na capital pernambucana, R$ 400 milhões sairão de financiamento do governo federal. A entrega do estádio está prevista para fevereiro.


EM

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